Campo de Marte tem mais de 100 voos diários com aeronaves de pequeno porte
Moradores da região voltaram a reclamar do aumento das atividades no aeroporto
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Natália Vieira
Nathalia Fruet
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) defendeu neste sábado (8) as operações no Aeroporto Campo de Marte, na zona Norte de São Paulo, depois do acidente com o avião que decolou do local e caiu minutos depois em uma avenida da capital paulista. Tarcísio ressaltou que existem regras de operações e que o acidente não pode ser usado como justificativa para defender o fim das operações no terminal.
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Por dia, pousam e decolam do Campo de Marte em média mais de 100 aeronaves de pequeno porte de empresários do agronegócio, construção civil e da área de tecnologia.
Após o acidente que matou o empresário Márcio Louzada Carpena, 49 anos, e o piloto Gustavo Medeiros, 44 anos, moradores da região voltaram a reclamar do aumento das atividades no aeroporto. Naiara Braz é proprietária de uma hamburgueria que fica a menos de 1 km do aeroporto ela relembra que nos últimos dois anos aconteceram outros acidentes que deixaram a comunidade assustada. A comerciante está no grupo dos que querem que o terminal mude de local. "Teria que repensar, mudar de lugar, mais longe da civilização" defendeu Naiara.
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Em 2019, o então governador João Doria chegou a dizer que faria o fechamento do aeroporto. No entanto, em 2022, o terminal foi concedido por 30 anos para uma empresa privada, a PAX Aeroportos, que é a responsável também pelo terminal Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Qualquer mudança no contrato implicaria em multa para o poder público.
Adalberto Febeliano é especialista em transporte aéreo e engenheiro do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, o ITA. O engenheiro defende as operações no Campo de Marte e destaca que o terminal é alvo de especulação imobiliária. A pista impede construções de prédios no entorno do aeroporto.
Ele também ressalta que o terminal é importante para o fluxo das aeronaves de pequeno porte na maior cidade do país já que Congonhas e Guarulhos já estão com a operação praticamente esgotada para a aviação comercial. O engenheiro diz que o aeroporto precisa receber ainda mais investimentos para, inclusive, ampliar as operações. "O Campo de Marte deve ser valorizado, o que nós podemos fazer para que ele seja ainda mais utilizado" ressaltou Febeliano.
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O engenheiro do ITA cita ainda outros acidentes aéreos que ocorreram recentemente em outros países e que ficam em regiões movimentadas como foi o caso do avião da American Airlines com 64 pessoas a bordo e que bateu em um helicóptero militar em Washington D.C, nos EUA, em janeiro, e que nem por isso as autoridades pensaram em acabar com esses aeroportos.
Adalberto Febeliano lembra que o Brasil é um país com dimensões continentais e que para se alcançar 98% do território é imprescindível o uso de aviões particulares ou aviões de táxi aéreo. "Precisa ter espaço para esses aviões aqui em São Paulo e isso acontece no Campo de Marte".