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Brasil

CEO da 123 Milhas pede desculpas e diz que modelo de negócio se mostrou "equivocado"

Ramiro Júlio Madureira presta depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito das Pirâmides Financeiras

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CEO da 123 Milhas pede desculpas e diz que modelo de negócio se mostrou equivocado (Bruno Spada/Câmara dos Deputados)
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Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras, nesta 4ª feira (6.set), o sócio e administrador da 123 Milhas Ramiro Júlio Soares Madureira pediu desculpas aos ex-colaboradores, clientes, fornecedores e parceiros da empresa pelos transtornos que esta lhes causou. Além disso, admitiu que o modelo de negócio da companhia se mostrou "equivocado".

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"Nossa empresa tem 14 anos de atuação no setor de turismo. Sete dos quais sob a marca 123 Milhas. Orgulhamo-nos de já ter prestado serviços para mais de 18 milhões de passageiros. E termos promovido mais de 10% das emissões de passagens aéreas do Brasil no ano de 2022. Em todo esse tempo, fomos movidos pela inovação, visando a tornar mais acessível e popular o mercado de turismo", pontuou Ramiro.

Ele prosseguiu: "A mais significativa e bem-sucedida dessas inovações foi promover o contato entre quem não tem milhas para viajar e para quem tem, garantindo assim a oferta de passagens aéreas abaixo do custo do mercado nacional. O produto Promo pretendia ser mais uma das inovações da 123 Milhas. Foi baseado em estudos de variação média dos preços das passagens aéreas, em tecnologia. A 123 Milhas estruturou o Promo também um investimento da empresa baseado em três premissas bem definidas".

Essas premissas incluem, de acordo com ele, a popularidade das ofertas, que reforçavam a marca 123 milhas no mercado, viabilizando redução sensível dos gastos com marketing; a atratividade de clientes para o site da empresa, aumentando a visibilidade e incrementando a venda de outros produtos dela; e a conquista de novos clientes, com expectativa da sua recorrência.

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"Acreditávamos que o custo do Promo diminuiria com o tempo, à medida que ganhávamos eficiência na tecnologia de superação e que o mercado de aviação fosse se recuperando dos efeitos da pandemia, uma tendência que projetamos à época e que se revelou precisamente o oposto. Ao contrário do que prevíamos, o mercado tem se comportado permanentemente como se estivesse em alta temporada, e isso abalou os fundamentos não só do Promo, como de toda a 123 Milhas", acrescentou.

Na sequência, afirmou: "Não há como deixar de nos desculpar novamente com todos aqueles que foram prejudicados por um modelo de negócio ou uma linha de negócio que se mostrou equivocada".

Ramiro foi convocado pela CPI para prestar esclarecimentos sobre a suspensão dos pacotes e da emissão de passagens da Promo.

Ele se desculpou com os parlamentares por ter faltado ao depoimento anteriormente. "Não fizemos por nenhum descaso ou demérito a esta CPI, que se notabiliza pela combatividade do desempenho de suas altas e relevantes funções. O motivo de nossa ausência deve-se em nossa estreita necessidade de buscar soluções para o atendimento dos interesses de nossos clientes, fornecedores, parceiros e colaboradores", disse.

"Em reuniões que mantivemos nos últimos dias, com Ministério do Turismo, a Senacon, Ministério Público Federal e outros diversos órgãos de defesa do consumidor dos estados. Acreditamos do potencial da 123 Milhas e, por isso, esse diálogo com órgãos e entidades interessadas do governo e da sociedade civil é de fundamental importância para se alcançar um acordo que permita, por intermédio da Justiça, honrar os compromissos com os nossos credores e, ao mesmo tempo, viabilizar a retomada das operações da empresa com solidez e transparência".

Ramiro afirmou também que o "objetivo imediato" da empresa se volta para a composição dos prejuízos causados aos clientes. "O que somente será possível com apoio institucional dos órgãos públicos aqui mencionados e também deste Parlamento".

Crítica

O presidente da CPI, deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) criticou a ausência dos sócios e administradores da 123 Milhas convocados, inclusive Ramiro, na sessão da comissão do último dia 30 de agosto. "A grande surpresa que tivemos foi que uma das estratégias para fugir dessa CPI foi buscar uma audiência com o ministro do Turismo na mesma hora que a audiência dessa comissão, que já estava agendada. Além de uma demonstração de desespero, foi um desrespeito para com essa comissão, o que se fez necessário a busca na justiça pela condução coercitiva", disse.

Ainda na sessão de hoje, Aureo leu uma nota enviada ao colegiado pelo ministro do Turismo, Celso Sabino. Nela, o titular da pasta disse que "atendeu ao pedido de audiência dos sócios da 123 Milhas no âmbito do processo instaurado no órgão para averiguar o modelo de negócio praticado pela empresa, sem ter conhecimento da convocação dos referidos empresários pela CPI".

Além disso, reconheceu o "importante papel de investigação desempenhado por todos os membros da comissão, em especial o presidente, eo relator, deputado Ricardo Silva". "Nesse sentido, o ministro Celso Sabino se compromete a compartilhar com a CPI os dados e informações apurados pelo ministério em relação ao caso", leu Aureo Ribeiro.

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