"Governo não vai recuar face à criminalidade", diz Marina Silva
Um indígena Yanomami que atuava como agente de saúde foi morto e outros dois estão feridos
Israel de Carvalho
As ministras do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, da Saúde, Nísia Trindade; e dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, falaram nesta 2ª feira (1.maio) sobre o atentado no território Yanomami, em Roraima, que matou um agente de saúde e deixou outros dois feridos. As três fizeram um sobrevoo na região onde houve o conflito e garantiram que o governo não vai recuar diante de novos ataques. As ministras elencaram as medidas das respectivas pastas e ações de segurança na Terra Yanomami.
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O ataque de garimpeiros armados foi na tarde de sábado (29.abr), na comunidade Uxiu, dentro da Terra Yanomami. A região tem intensa presença de garimpeiros. O indígena Ilson Xirixana, de 35 anos, morreu e outros dois ficaram gravemente feridos. Otoniel Xirixana, 29 anos, teve uma bala alojada no pulmão e Venâncio Xirixana, 31 anos, foi baleado no abdômen e na perna direita.
Marina Silva garantiu que o governo brasileiro não vai "recuar face à criminalidade".
"Vamos reforçar as equipes do Ibama, da PRF, da Polícia Federal, com suporte das Forças Armadas para que a gente possa dar uma reposta à altura", disse ao afirmar que ainda há garimpos operando na TI Yanomami.
A ministra do Meio Ambiente disse ainda que os conflitos ocorridos na região acontecem em função dos criminosos, não do governo. "Não vamos confundir agora que as vítimas, os indígenas, estão criando problemas para os garimpeiro. Estes que criaram esse problema social, problema ambiental e destruição de uma etnia", reiterou.
Nesta 3ª feira (2.maio) haverá uma reunião interministerial para fortalecer a operação de retirada dos garimpeiros da forma "mais pacífica o possível", segundo a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara. Ela ainda afirmou que o governo não incentiva os conflitos que ocorrem na Terra Indígena (TI) e que não quer "derramamento de sangue".
"Estamos aqui em ação articulada para devolver a dignidade ao povo Yanomami. Temos que retirar esses garmipeiros do território Yanomami, e isso tá sendo feito da forma mais cuidadosa o possível", disse Sônia ao lembrar que o espaço aéreo na região ficou aberto por um longo periodo sem uma ação ostensiva.
Financiadores
Segundo Marina Silva, a resistência dos garimpos que ainda estão na TI significa que há forças "muito poderosas economicamente" por trás dessa ação criminosa.
Para a ministra, não é um garimpeiro pobre que consegue fretar uma aeronave, "um garimpeiro pobre não consegue ter um barco potente, um garimpeiro pobre não consegue fazer abastecimento de comida".
Sônia disse que se há conivência de tentar legalizar o garimpo, se há forças que incentivam a prática, o governo conta com respaldo legal para coibir o garimpo, visto que "em nenhum território indígena no Brasil há a permissão para explorar minério".
Veja vídeo da coletiva na íntegra:
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