SUS apresenta enorme déficit de procedimentos hospitalares, diz Fiocruz
Pandemia de covid-19 impactou, sobretudo, tratamentos clínicos e cirurgias
Camila Stucaluc
Um levantamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou que, desde o início da pandemia de covid-19, houve um impacto significativo na demanda de procedimentos e atendimentos hospitalares no Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo a entidade, o Brasil apresenta 1.102.146 procedimentos em déficit e com potencial de demanda.
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As informações englobam o conjunto do país, com dados específicos de cada região. "Algumas regiões do país apresentam déficit considerável de atendimentos clínicos e procedimentos cirúrgicos que podem evoluir com complicações. Além disso, a demanda reprimida nos exames e diagnósticos representam problemas para agravamento de condições clínicas não atendidas a tempo", afirma a nota.
No Norte do país, por exemplo, cirurgias do aparelho digestivo, do sistema osteomuscular, do aparelho geniturinário, tratamentos em nefrologia, além de consultas e atendimentos estão entre os maiores déficits dos últimos dois anos. No total, de 2020 a 2022, 23.268 procedimentos não foram realizados na comparação com a média anterior à pandemia.
O mesmo é relatado no Nordeste, que também sofre impacto nas cirurgias de pele, mama, vias aéreas e aparelho circulatório. Considerando todos os grupos de procedimentos, o estudo mostra que a região apresenta um volume de 367.560 a menos do que a média de 2014-2019. O Centro-Oeste, por sua vez, deixou de fazer 14.643 procedimentos, mas já apresenta uma recuperação discreta do serviço.
De todas as regiões, o Sudeste apresentou o maior déficit em relação à média antes da pandemia: 398.729 procedimentos a menos durante a emergência de covid-19. O cenário engloba tratamentos clínicos e procedimentos cirúrgicos. Já no Sul, o déficit foi de 262.873 procedimentos, com destaque para cirurgias do aparelho digestivo.
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"Os primeiros cinco meses analisados em 2022 demonstram uma recuperação do sistema; entretanto, o volume de procedimentos não realizados ainda traz um passivo enorme de atendimentos. São números que representam uma potencial demanda, além de enormes desafios, para o sistema de saúde nos próximos anos", dizem os autores.