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"Temos as mesmas ansiedades que o Brasil", diz conselheiro da Anacom

Sandro Mendonça, da Agência Nacional de Comunicação, de Portugal, fala sobre desafios digitais

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'Temos as mesmas ansiedades que o Brasil',diz conselheiro da Anacom
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Durante a cobertura da 29ª edição do Congresso Brasileiro de Radiodifusão, promovido pela Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão, Abert, o SBT News entrevistou no estande do SBT, Sandro Mendonça, conselheiro da Autoridade Nacional de Comunicações, de Portugal, que compartilhou suas experiências no evento e fez comparações sobre as boas práticas de telecomunicações entre os dois países, e como brasileiros e portugueses caminham juntos nas questões de transformação digital e nas comunicações.

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 "Temos as mesmas ansiedades que o Brasil na área digital, hoje nós compreendemos que as plataformas digitais estão entre as redes de telecomunicações, portanto é uma camada nova hiper escalar que vai abrindo espaço com um poder significativo, o que causa pressão no sistema e que lança novos desafios", ressalta. Confira abaixo a entrevista:

SBT News -- Quais tipos de experiências vocês podem compartilhar de Portugal aqui no Brasil?

Sandro Mendonça -- Nós, em primeiro lugar, aprendemos muito com o Brasil. Os nossos irmãos da regulação, a Anatel é, para mim, a melhor agência mundial da área e tem muitos dispositivos e relatórios pioneiros. Tem as mesmas ansiedades que nós na área digital, por exemplo.

E nós compreendemos que hoje em dia as plataformas digitais estão entre as redes de telecomunicações, estão entre essas redes e o mundo dos conteúdos.

Portanto, é uma camada nova, hiperescalar que vai abrindo o espaço com o poder de intermediação significativo, o que causa pressão no sistema e que lança novos desafios. 

"Nunca esquecemos que o Brasil é a 'Amazônia' da língua portuguesa. Toda a indústria de informação, de criatividade brasileira, é um pulmão para toda a lusofonia".

Todos os novos arranjos de regulação, todos novos esquemas de supervisão que aqui possam ser criados, não vão ser só muito novos, devido a todo ecologia de operadores e atores públicos no Brasil.

Mas, vão ser importantes para guiar toda a nossa manobra lusófona, em que aprendemos uns com os outros, mas, vai influenciar o mundo.

"E o Brasil é muito desejado pelo mundo, e o mundo precisa do Brasil".

SBT News -- Tem algumas questões que acabam aproximando ainda mais o setor lá em Portugal com o setor aqui no Brasil. Como, por exemplo, o cabo de fibra ótica que fará essa interligação. Conta para gente a respeito desse procedimento, dessa novidade?

Sandro Mendonça -- Os nossos países são países marítimos, temos um grande faixa de litoral atlântica e há 100 anos foi o primeiro voo atlântico de Portugal até ao Brasil, foi uma grande festa.

"Agora, temos um cabo submarino que veio do Brasil até Portugal. E o que sabemos, é que o Brasil é uma super potência ao nível cultural e de conteúdos". 

E agora existe uma grande autoestrada da informação, para que o Brasil possa chegar com mais capacidade, com menos latência, com mais qualidade a Portugal, que é um porto de dados. Mas que depois irriga a Europa, esse grande mercado.

"Aquilo que nós sentimos é que os conteúdos brasileiros são muito apetíveis. Do pequeno produtor, à grande companhia há um espaço para expandir". 

Isso já aconteceu para a África austral, portanto, existe também um cabo de Fortaleza até Angola.

E aí nós já sabemos que o Brasil faz chegar dados também à África do Sul, também ao Congo e isto é tudo uma nova área. 

Uma área de transação de dados e aqui estamos realmente no século XXI e temos novas centralidades no Brasil sobre isso. Em Fortaleza, por exemplo.

E nem falamos ainda daquilo que é o grande projeto pioneiro, único do mundo, que é infovia fluvial no Amazonas, que é um cabo submarino que não corre no mar, corre na terra, no continente, neste espaço continental que é o Brasil.

Portanto, isto é muito conhecimento, e é muita governança de infraestruturas. Essa governança de infraestruturas que já existe hoje e é competente, pode frutificar numa nova governança de dados. 

"A nossa esperança é essa, que espero que em conjunto, aprendendo uns com os outros, e sabendo que o Brasil tem uma grande liderança na área informacional, possamos todos seguir em frente".

SBT News -- A área de atuação da autoridade de telecomunicações em Portugal ela é bem mais abrangente do que seria o equivalente a Anatel aqui no Brasil. Mas, os desafios são os mesmos. O que vocês observam em relação à experiência de vocês em Portugal e que poderiam agregar para a nossa experiência brasileira?

Sandro Mendonça -- A Anatel, nosso colaborador irmão, tem feito avanços em muitas áreas. Por exemplo, ao nível de governança de infraestruturas, de condutas, de cargos, eles têm esse desafio.

Nós também temos esse desafio e podemos compartilhar soluções, aprendendo uns com os outros e já está acontecendo. 

Depois, nós sabemos também que o leilão de 5G foi um grande sucesso aqui no Brasil. Com a obrigações que vão levar a maior conectividade até ao fim da rua, até ao fim do sertão, até ao alto do palácio. Portanto, todo o desenho desse leilão foi muito bem conseguido.

Agora, falta capitalizar em cima desse novo potencial de telecomunicações. A nova geração, a quinta geração de comunicações eletrônicas. Não faltam áreas que podemos combinar experiências. 

A Anacom tem uma, a agência de regulação postal, ou seja, dos Correios, que hoje em dia é basicamente dominado por um ponto focal, que são as encomendas. 

Nós sabemos que durante a pandemia o número trafegado de pacotes pequenos e pacotes grandes na rede postal aumentou muito e temos novos atores.

"Atores que são uma espécie de Over The Top (OTT) postal. Nos nossos celulares temos OTTs, temos as plataformas digitais, já até quando compramos o celular".

Temos essas plataformas digitais, mas não podemos esquecer que em cima das redes físicas, de logística também correm e outros OTTs.

Portanto, as plataformas digitais, os gigantes tecnológicos que chegam a ter conteúdos, chegam até as coisas tangíveis.

Reparamos que eles vão alargando o seu domínio da atuação e aqui há grandes pressões sobre os direitos digitais do povo e há grandes pressões sobre a soberania do país.

E tudo isso faz de nós ainda mais convergentes de nossas preocupações nas nossas oportunidades.

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A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), promoveu nos dias 16 e 17 de novembro, o 29º Congresso Brasileiro de Radiodifusão, no Royal Tulip Alvorada, em Brasília.

Nesta 5ª feira (17.nov), o SBT News transmite entrevistas exclusivas com comunicadores de todo o país.
 

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