57% das cidades da Mata Atlântica têm menos de 25% de vegetação natural
Grande parte do bioma segue dominado por áreas de pastagens e agricultura
Camila Stucaluc
A Mata Atlântica está cada vez mais longe da configuração original. Segundo dados do MapBiomas, para a área que estende os limites do bioma para 17 estados, onde vivem 70% dos brasileiros, apenas 24,3% do território ainda resiste como formação florestal. Em 1985, esse número era de 27,1%, o que aponta para cerca de 9,8 milhões de hectares de vegetação suprimidos ao longo dos anos.
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Os estados com menor cobertura nativa em 2021 foram Alagoas (17,7%), Goiás (19,5%), Pernambuco (23,4%), Sergipe (25,5%), São Paulo (28,4%) e Espírito Santo (29,3%). No geral, mais da metade (57%) dos municípios possuem menos de 30% da vegetação nativa. Por outro lado, estados como Piauí (89,9%), Ceará (76,9%), Bahia (49,7%) e Santa Catarina (48,1%) apresentaram um maior número de hectares.
Enquanto a cobertura florestal recua, os dados apontam para o crescimento da área destinada à agricultura, que avançou 10,9 milhões de hectares em 37 anos. Se em 1985 a atividade ocupava 9,2% do bioma, em 2021 esse percentual alcançou 17,6%. No período, a silvicultura ganhou 3,7 milhões de hectares, passando de 0,7% (1985) para 3,5% do bioma. Juntos, agricultura e silvicultura já ocupam um quinto da Mata Atlântica.
No entanto, o uso da terra prevalente no bioma ainda é a pastagem. Embora a atividade tenha tido uma perda líquida de 10,5 milhões de hectares nos últimos 37 anos, um em cada quatro hectares desse bioma ainda é de pasto, com 32,2 milhões de hectares, ou 24,6% da Mata Atlântica. Além disso, a região registrou um grande processo de construção, passando de 674 mil hectares em áreas urbanizadas, em 1985, para 2,03 milhões em 2021.
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"A preservação do que restou de Mata Atlântica e a restauração em grande escala são essenciais para preservarmos alguma resiliência dessa região à dupla ameaça da crise climática e da crescente irregularidade do regime de chuvas, decorrente do desmatamento da Amazônia", adverte Luís Fernando Guedes Pinto, diretor executivo da SOS Mata Atlântica.