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Exclusivo: Gestantes denunciam Hospital Geral de Guarulhos (SP) de maus-tratos

Após grávida denunciar morte do filho, mais 30 mulheres vieram a público

Exclusivo: Gestantes denunciam Hospital Geral de Guarulhos (SP) de maus-tratos
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Um grupo de mais de 30 mulheres denúncia o Hospital Geral de Guarulhos, na Grande São Paulo, de maus-tratos e violência contra gestantes. Os casos vieram à tona após uma gestante perder o bebê ao não ter o desejo materno respeitado.

Kethelyn Steffany da Silva, de 20 anos, começou a sentir contrações em 25 de dezembro. Ela se dirigiu ao hospital público, mas foi aconselhada a retonar para casa. Após três dias de dor, retornou para a unidade, onde a equipe médica fez com que tentasse parto normal, a contrariando. Kethelyn relata que avisou que já teria passado por um cesárea em sua primeira gravidez e, por orientação médica, sabia que não poderia dar à luz em parto normal. 

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"Elas falando que eu tava indo bem, que eu tava indo bem... eu pedindo pra ser césarea. Meu nenêm já tinha parado de mexer." O parto precisou ser feito de forma emergencial, mas o bebê nasceu natimortoDe acordo com o atestado de óbito, a causa da morte foi anóxia intrauterina, mais conhecida como sofrimento fetal. A vítima relata que além da dor da perda do filho, foi maltratada pela equipe médica, e recebeu o corpo sem vida do bebê de uma das enfermeiras, que teria lhe falado "você não vai pro velório. Então é melhor você ver aqui, porque você não vai pro velório. Com cesárea, você vai ficar três dias aqui"

A história de Kethelyn foi compartilhada por um perfil do instagram da região e fez com que novos casos viessem a público, já são mais de 30, sendo que oito deles viraram inquéritos policiais. 

O sofrimento dessas mães, no entanto, não é um caso isolado. Segundo uma pesquisa da Fiocruz, feita em 2012, 45% das grávidas atendidas pelo Sistema Único de Saúde são vítimas maus tratos e 36% passam por tratamento inadequado no momento do parto. A violência física ou psicológica e até a falta de informação são consideradas violências obstétricas. O termo também se refere a falhas estruturais de clínicas e hospitais. 

De acordo com a advogada Louise Marie, a violência obstétrica é qualquer procedimento não autorizado pela mãe antes, durante ou após o parto. Qualquer tipo de humilhação contra a gestante durante o procedimento também é considerado violência obstétrica. Ela representa o grupo Mães de Guarulhos, e junto com uma outra advogada, afirma que todas foram vítimas de uma pressão do SUS para realização de partos normais. 

No estado de São Paulo, desde setembro de 2019, uma lei estadual garante à gestante o direito de optar pela cesárea em hospitais públicos, mesmo sem indicação médica. Segundo a pesquisa da Fiocruz, 92% das mortes em partos poderiam ser evitadas pela cesariana no momento certo. 

Sueli de Arruda, perdeu a filha e a neta. Ela conta que a filha chegou ao Hospital Geral de Guarulhos desacordada, e que mesmo assim a equipe médica forçou o parto normal. Ao relatar o óbito da mãe e do bebê informaram que a gestante teve eclampsia. As famílias buscam indenização tanto na esfera civil quanto a investigação na esfera criminal e pedem a responsabilização do hospital.

Em nota, a direção do Hospital Geral de Guarulhos esclareceu que repudia qualquer ato de agressão física ou verbal a pacientes e que orienta seus colaboradores a seguir todos os protocolos de assistência e parto humanizado aconselhados pelo Ministério da Saúde, visando o bem-estar das gestantes e de seus bebês. Já a Prefeitura de Guarulhos informou que mais de 30% dos partos realizados no hospital em 2021 foram cesáreas, e que a determinação é que o critério para definição do tipo de parto seja clínico, conforme os parâmetros indicados pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial de Saúde. 

A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo informou que vai abrir a apuração imediata sobre todos os casos. Em relação à morte de um recém-nascido no Hospital Geral de Guarulhos, a pasta esclarece que já abriu uma investigação sobre as circustâncias do óbito. 

Até a publicação dessa reportagem, o Conselho Federal de Medicina e o Ministério da Mulher, da Família, e dos Direitos Humanos não retornaram os nossos questionamentos. 

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