10º voo da FAB com repatriados vindos do Líbano chega ao Brasil
Retornaram ao país 213 passageiros e quatro animais de estimação
O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) enviado para o resgate de brasileiros no Líbano – palco do conflito entre Israel e Hezbollah – chegou ao Brasil. A aeronave KC-30 pousou na Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos, às 4h06 desta terça-feira (5), sendo o 10º voo da Operação Raízes do Cedro a regressar ao país.
Ao todo, 213 brasileiros foram resgatados nesta nova operação, com prioridade para idosos, mulheres, crianças, grávidas, doentes e pessoas com deficiência. Também foram embarcados quatro animais de estimação.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, 7 mil dos cerca de 20 mil brasileiros que vivem no Líbano fizeram o pedido de regresso. A pasta disse que, inicialmente, a previsão é de resgatar 3 mil pessoas, sendo cerca de 500 por semana. Com o desembarque de hoje, a FAB totaliza 2.072 repatriados, além do resgate de 24 pets.
O Itamaraty, por meio da Embaixada do Brasil em Beirute, disse que está em contato com brasileiros e seus familiares próximos para a organização de novos voos de repatriação. Tudo está sendo coordenado conforme as condições de segurança no terreno.
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"Os voos se assemelham ao perfil dos 13 que foram feitos na Operação Voltando em Paz, realizada em 2023 para resgatar quase 1.600 brasileiros e mais de 50 animais domésticos das zonas de conflito em Israel, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia", explicou Marcos Fassarella Olivieri, tenente-coronel aviador da FAB.
Assistência
Ao chegarem ao Brasil, os repatriados são recebidos por equipes especializadas do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, e da Agência da ONU para as Migrações (OIM). Eles acolhem as demandas imediatas e avaliam se as pessoas têm redes de proteção familiar ou social no Brasil.
Também é determinado determinar a necessidade de acolhimento dos grupos em abrigos do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), de hospedagem temporária. Nos casos de famílias em condição de vulnerabilidade, é avaliada a possibilidade de passarem a integrar programas sociais do governo federal, como o Bolsa Família.
Outro grupo que atua na operação é o da Força Nacional do SUS, composta por médicos, enfermeiros e psicólogos que oferecem cuidados à saúde física e mental dos repatriados. Entre os atendimentos, as maiores ocorrências até agora foram de acolhimento, leve desidratação, primeiros cuidados psicológicos e crise hipertensiva.
O que está acontecendo no Líbano?
O Líbano voltou a ser palco dos confrontos entre Israel e o Hezbollah este ano, quase duas décadas após a última guerra. A tensão começou a aumentar em outubro de 2023, quando Israel iniciou a ofensiva na Faixa de Gaza. Para demonstrar apoio ao Hamas, o grupo começou a disparar projéteis contra Israel, que decidiu responder.
As hostilidades se intensificaram após a explosão de pagers e walkie-talkies usados pelo Hezbollah – em ação atribuída a Israel. Isso fez o grupo lançar novos ataques contra Israel, que está respondendo com uma onda de bombardeios. Ao todo, já foram registradas mais de mil mortos, incluindo líderes do Hezbollah.
No início do mês, Israel iniciou uma ofensiva terrestre no sul do Líbano. Pouco tempo depois, o Hezbollah começou a lançar mísseis contra Israel – a maioria interceptados – e avançar na fronteira com a ajuda de artilharia. O Irã, que apoia o grupo extremista, também entrou no conflito, lançando cerca de 180 mísseis em direção a Tel Aviv.
O temor é que a escalada dos conflitos provoque uma guerra regional no Oriente Médio. Isso porque os combates entre Israel e Hezbollah no Líbano acontecem em meio à guerra na Faixa de Gaza, onde Israel tenta “destruir” o grupo extremista Hamas. Os recentes ataques israelenses contra o Irã, que prometeu retaliação, também aumentam a preocupação.