Com incêndios e seca, mundo bate recorde de perda florestal em 2024
Brasil liderou o ranking de devastação em termos de extensão, seguido da Bolívia

Camila Stucaluc
O planeta bateu recorde de perda florestal em 2024. É o que mostra um levantamento divulgado nesta quarta-feira (21) pela plataforma Global Forest Watch (GFW), do World Resources Institute (WRI), que registrou 6,7 milhões de hectares de floresta tropical primária destruídos no período.
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País com maior área de floresta tropical, o Brasil liderou, mais uma vez, o ranking da devastação em termos de extensão. Ao todo, o país perdeu 2,8 milhões de hectares, totalizando 42% da devastação no ano passado. O cenário, segundo o levantamento, foi causado pelos incêndios florestais, alimentados pela pior seca em décadas. A agropecuária também contribuiu para o resultado.
A marca variou em diferentes biomas. A Amazônia, por exemplo, sofreu a maior perda desde 2016, saltando 110% de 2023 para 2024, sobretudo devido à atividade ilegal de agropecuárias. No Pantanal, a perda da cobertura arbórea foi de 1,6%, mais que o dobro da taxa de 0,83% para todo o Brasil. Nas savanas do Cerrado, por outro lado, a perda de cobertura arbórea diminuiu 14% no último ano.

Outro país responsável pelo aumento da perda florestal global foi a Bolívia. Cerca de 1,4 milhões de hectares foram destruídos em 2024, sendo a maior parte por incêndios provocados por agricultores. Apesar da prática ser uma ferramenta tradicional de manejo da terra, o clima cada vez mais quente e seco provocou o descontrole de muitas dessas queimadas, resultando em temporadas de incêndios.
“Sem sistemas de alerta precoce ou recursos adequados de combate a incêndios, as comunidades rurais experimentaram o pior das chamas, enquanto os residentes sofreram com a fumaça dos incêndios florestais. Políticas governamentais que despriorizam a prevenção e resposta a incêndios e, em vez disso, apoiam a expansão do agronegócio, também contribuíram para os incêndios”, disse a GFW.
Muitos outros territórios da América Latina também viram grandes picos na perda de cobertura arbórea devido a incêndios em 2024, alimentados pela seca generalizada na região. Os incêndios causaram pelo menos 60% da perda de floresta primária em Belize, Guatemala, Guiana e México. Esses incêndios tiveram impactos devastadores nas comunidades locais, incluindo qualidade do ar perigosa.
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“Não podemos nos dar ao luxo de ignorar o alerta de 2024. Para deter e reverter a perda florestal até 2030, a perda florestal anual precisará cair 20% a cada ano em relação aos níveis de 2024. Isso exigirá soluções adaptadas localmente, maior vontade política dos países florestais e daqueles que importam commodities deles e adaptação aos crescentes riscos das mudanças climáticas”, advertiu a GFW.