Cidades na Amazônia têm menos árvores do que regiões do agronegócio, diz IBGE
Censo revela que regiões cercadas pela maior floresta tropical do mundo estão entre as menos arborizadas do Brasil

Beto Lima
Apesar de abrigarem a maior floresta tropical do planeta, os estados da Amazônia Legal registram os piores índices de arborização urbana do Brasil, segundo novos dados do Censo Demográfico de 2022 divulgados nesta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto isso, cidades do interior do Centro-Oeste e Sudeste, ligadas ao agronegócio, apresentam os melhores resultados em cobertura arbórea nas áreas urbanas.
O levantamento do IBGE analisou as condições urbanísticas em todo o país, com foco nas áreas onde vive a maior parte da população cerca de 85% dos brasileiros. O resultado revela um cenário surpreendente: em Belém (PA), futura sede da COP30 em 2025, apenas 44,65% da população urbana reside em ruas com ao menos uma árvore.
+ COP 30: evento sobre mudanças climáticas faz disparar preços de aluguel em Belém
Em outras capitais da região Norte, a situação é ainda mais preocupante, com índices inferiores à média nacional, como em Rio Branco (39,86%) e Manaus (44,81%).

Considerando apenas ruas com mais de cinco árvores, os números se tornam ainda mais alarmantes. Estados como Acre (10,7%), Amazonas (13,7%) e Roraima (14,5%) estão entre os piores colocados do país, evidenciando um contraste entre a riqueza natural da floresta amazônica e a falta de planejamento urbano voltado à arborização das cidades.
Na direção oposta, o interior do país, especialmente em regiões associadas ao agronegócio, lidera o ranking da arborização urbana. Mato Grosso do Sul ocupa o topo da lista, com 58,9% da população urbana vivendo em ruas com mais de cinco árvores, seguido de Distrito Federal (56,4%) e Paraná (49%).
+ Censo 2022: somente 15,2% dos brasileiros têm acesso a rampas para cadeirantes, diz IBGE
Capitais como Campo Grande (MS) e Goiânia (GO) são exemplos bem-sucedidos de integração entre crescimento urbano e preservação ambiental. Campo Grande é, inclusive, a capital mais arborizada do país, com 91,4% de seus habitantes vivendo em ruas com pelo menos uma árvore. Goiânia aparece em segundo lugar, com 89,6%.
O destaque também se estende a cidades de médio porte e polos do agronegócio. Maringá (PR), por exemplo, impressiona com 98,6% de sua população urbana cercada por áreas verdes.
Outras como Londrina (97,1%), Uberlândia (91,6%) e Lucas do Rio Verde (MT), superando os 93%, mostram que planejamento e investimento em áreas verdes são fatores essenciais para promover qualidade de vida e equilíbrio ambiental.