Gastos com saúde podem crescer acima do teto de gastos e sufocar economia, diz estudo
Projeções indicam que despesas com saúde crescerão acima do permitido pelas regras fiscais, ameaçando o atendimento público e o Sistema Único de Saúde
SBT Brasil
Os gastos com a saúde pública no Brasil devem crescer acima do limite estabelecido pelas regras fiscais, o que pode comprometer o atendimento à população pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A conclusão é de um estudo da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal.
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De acordo com o estudo, os gastos com o SUS devem crescer 3,9% ao ano na próxima década. No entanto, as regras fiscais atualmente limitam o crescimento das despesas primárias do governo a 2,5% ao ano. Com isso, o aumento dos gastos com saúde pode levar o Brasil a um cenário de desequilíbrio fiscal.
“A gente chama atenção para esse desafio que as autoridades terão de fazer escolhas: sustentabilidade fiscal e atendimento da população. O envelhecimento populacional não é o principal. É um dos. Existem outros como aumento da cobertura e o efeito do aumento de preço do custo da saúde”, explicou Alessandro Casalechhi, autor do estudo.
Segundo o levantamento, o governo está diante de um dilema: manter o ritmo de crescimento dos investimentos em saúde e comprometer as contas públicas, ou conter os gastos e deixar parte da população desassistida. Como alternativa, a IFI propõe dois caminhos: revisar o teto de gastos dentro das regras fiscais ou realocar recursos de outras áreas para o SUS.
O pesquisador João Mário de França, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, sugere ainda uma terceira possibilidade.
“Quando se fala que a saúde vai precisar de um maior investimento, maior financiamento, ao longo dos próximos anos, por uma série de questões que já discutimos, é verdade. Mas também há muito espaço dentro do próprio sistema para melhoria de eficiência. Filas, má alocação de médicos, a distribuição espacial indevida em todo o Brasil, então, compra de medicamentos, enfim. Então, só pedir mais recursos para a saúde é um lado. Mas o outro lado da questão também é melhorar o sistema como um todo, do ponto de vista gerencial, que torne esse atendimento à população mais eficiente, com menos demora e mais qualidade ”