Tarifa dos EUA sobre café brasileiro preocupa produtores e pode impactar futuras safras
No ano passado, mercado americano importou 34% mais café brasileiro que em 2023, somando 8,1 milhões de sacas
Marco Pagetti
Os Estados Unidos são o principal destino do café brasileiro, comprando mais de um terço de toda a produção que sai do país. Mas um novo programa tarifário norte-americano acendeu o alerta para o setor: a partir de agosto, a importação do café brasileiro será taxada em 50%, decisão anunciada pelo atual presidente dos EUA, Donald Trump.
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A medida preocupa cooperativas e produtores. Na Coopvass, que reúne três mil cafeicultores do sul de Minas, a atual safra não deve sofrer grandes impactos. “Estamos com nível muito baixo de estoque de produção. É uma preocupação que o mundo deveria ter, principalmente a indústria que transforma em um produto pronto para o consumidor. Para frente, acredito que teremos alguns desdobramentos”, alerta o gerente Leandro Costa.
No ano passado, o mercado americano importou 34% mais café brasileiro que em 2023, somando 8,1 milhões de sacas, segundo o Cecafé. Isso porque os EUA produzem internamente menos de 1% do que consomem. “Dá pra ver a relevância do Brasil nesse segmento. Não acredito na deterioração dos preços porque os mercados vão ter que se ajustar”, avalia Costa.
E os empregos no Brasil?
Caso os produtores brasileiros percam parte do mercado americano, o futuro dos empregos nas lavouras pode ficar ameaçado. Mas, por enquanto, o reflexo não é imediato. “A safra já está aí e você precisa ter quem faça a colheita, quem faça a comercialização, então nesse momento o emprego acaba não sendo impactado. Mas esses custos agregados podem tornar a produção menos atrativa”, explica a professora de economia do Insper, Juliana Inhasz.
Com a taxação, parte do café pode ser absorvida pelo mercado interno ou exportada para outros destinos. “Não vai ser fácil para os Estados Unidos encontrarem parceiros comerciais que tenham o mesmo volume do Brasil. Mesmo que consigam ampliar o café colombiano ou vietnamita, ainda deve ter uma fatia considerável do produto brasileiro”, completa Juliana.