"Com o coração muito pesado", Koo é encerrado por falta de recursos
Rede social indiana que tinha mais de 2 milhões de usuários ativos não conseguiu sustentar os custos da operação
A famigerada rede social indiana Koo chegou ao fim. É o que diz a publicação do fundador da plataforma, Aprameya Radhakrishna, em seu LinkedIn e no site oficial do aplicativo. A comunidade tentou ser uma alternativa ao X (Twitter), mas não obteve sucesso por falta de recursos.
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"É com o coração muito pesado que informamos que a Koo não estará mais em operação. Pararemos as operações em 3 de julho de 2024".
Em comunicado conjunto divulgado na quarta-feira (3) com o cofundador, Mayank Bidawatka, o executivo argumenta que o Koo enfrentou vários desafios desde que a rede social foi fundada em 2020.
Radhakrishna também explicou que houve tentativas de venda do serviço para várias empresas de internet e conglomerados de mídia, mas as negociações não avançaram.
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Os altos custos dos serviços de tecnologia impactaram o funcionamento do aplicativo e isso impediu a continuidade do Koo.
Em 2022, o Koo foi avaliado em US$ 275 milhões, pelo tracking de startups Tracxn.
O serviço cresceu de forma evidente, no entanto, sua base de usuários na rede social estagnou.
A quantidade de usuários da rede social era irrelevante: 2,1 milhões de usuários ativos, chegando a 3,5 milhões no seu auge, e 10 milhões de usuários mensais, diante do tamanho da Índia, país que tem mais de 1,4 bilhão de habitantes.
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Segundo a carta que também está disponível na página principal do Koo, os cofundadores afirmam que "foi o único concorrente real do Twitter (hoje, X)" e, nos últimos 4 anos, o Koo obteve mais de 60 milhões de downloads, mais de 8 mil contas VIP, com "milhões de horas gastas" na plataforma.
Os executivos também se queixaram do humor do mercado, que mudou entre 2023 e 2024, prejudicando o acesso a financiamento confiável.
No Brasil, o Koo cresceu e fez sucesso
Devido ao nome dúbio da plataforma, que mistura malícia e risadas, a rede social foi uma alternativa para os brasileiros após a compra da rede social Twitter por Elon Musk, no fim de 2022. O Koo fez sucesso.
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A rede indiana criou uma conta no X (Twitter) para atendimento ao público do Brasil, em português.
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Mesmo assim, após a grande entrada de usuários no Koo, o serviço foi deixado de lado após alguns dias de uso.
A plataforma tentou atrair os brasileiros para voltar a usar a rede social com parcerias, ofertando descontos em lojas como Amazon, Dell, Casas Bahia e Hering, mas a estratégia não deu certo.
Koo tinha ambição
Em entrevista ao SBT News em 2022, o cofundador do aplicativo Mayank Bidawatka estava animado e tinha muitas ideias para a expansão do Koo pelo mundo.
Ele via o aplicativo como algo muito além do Twitter (hoje, X), considerando que a rede social pode ser a 'plataforma social mais inclusiva do mundo'.
"Koo é para todos. Não é uma plataforma exclusiva. É inclusivo", diz Bidawatka.
O executivo disse que a plataforma teria novos recursos para ajudar os criadores, cuidado com a desinformação, criando um serviço de autoverificação dos perfis e que o Koo seria a plataforma que agregaria o mundo "dividido por idiomas", por ser um serviço integrado com várias línguas.
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Começamos o Koo com um propósito. Para unir o mundo. Somos um mundo dividido por idiomas. Koo quer unir o mundo capacitando todos, apesar dessas barreiras linguísticas. Os usuários devem poder conversar uns com os outros em seu idioma e também falar com outras pessoas no idioma da outra pessoa. Koo quer criar a experiência social mais inclusiva do planeta.
Adeus ao Koo
Quem acessa o site http://www.kooapp.com/ vai ver uma carta dos cofundadores da finada plataforma em tom de despedida e com as explicações que levaram ao fim do Koo.
"Ficamos muito tristes em tirar esta plataforma de milhões de usuários que adoravam passar tempo nela. Infelizmente, administrar uma empresa de mídia social gera gastos pesados por alguns anos antes que ela se torne lucrativa. Nós também precisávamos de mais tempo para chegar lá. Temos procurado levantar fundos nos últimos 2 anos, mas o mercado de financiamento azedou, não apenas para Koo, mas para milhares de startups por aí, tornando muito difícil continuar executando as operações", diz trecho da carta assinado por Aprameya e Mayank.
Já a conta brasileira do Koo no X (Twitter) também tem o anúncio melancólico do seu fim com um gif de um pássaro amarelo triste que diz:
“Koo anuncia seu encerramento hoje devido a um ambiente de financiamento ruim. Obrigado por tudo, Brasil. Nós amamos vocês. O passarinho amarelo diz um último adeus…”