"Bilionário arrogante": após "causar" no Brasil, Elon Musk compra briga com a Austrália
Dono do X (antigo Twitter) diz que luta por liberdade de expressão ao se recusar a retirar um vídeo de um ataque violento do ar
Cido Coelho
Desde a compra da plataforma Twitter, hoje X, em 2022, o bilionário Elon Musk tem atraído debates excêntricos e embates sobre liberdade de expressão e censura na internet.
O empresário que é dono de empresas notórias como a SpaceX e a Tesla trouxe para si o título de arauto da liberdade de expressão, travando embates com governos e figuras públicas sobre o que é aceitável publicar online.
Agora, a Austrália se torna o novo alvo de Musk
Lá do outro lado do mundo, Musk se desentendeu com o principal órgão fiscalizador da internet da Austrália, por conta da propagação de um trecho de transmissão ao vivo que mostra um ataque violento com faca a um clérigo, em uma igreja ortodoxa assíria em Sydney.
O bispo Mar Mari Emmanuel e um padre foram esfaqueados por um menino de 16 anos. Ele e mais quatro adolescentes foram acusados pela polícia local.
Após o crime, a comissária de segurança eletrônica australiana, Julie Inman Grant, emitiu um aviso de remoção total dos vídeos nas plataformas da Meta (Facebook e Instagram) e X (antigo Twitter) dentro e fora do país.
Enquanto a Meta acatou a determinação, o X inicialmente bloqueou o acesso aos vídeos apenas na Austrália. Na quarta-feira (24), o Tribunal Federal da Austrália emitiu uma liminar de emergência obrigando a plataforma de Musk a remover os vídeos globalmente.
Musk reagiu, se recusou a retirar os vídeos e acusou o país de impor censura em todo o mundo.
“Nossa preocupação é que se QUALQUER país tiver permissão para censurar conteúdo para TODOS os países, que é o que o 'Comissário de Segurança Eletrônica' australiano está exigindo, então o que impedirá qualquer país de controlar toda a Internet?”, indagou o valente bilionário no X (antigo Twitter).
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, acusou Musk de pensar que está acima da lei e o chamou de “bilionário arrogante”.
Agora, por lá, o tribunal australiano processou a plataforma com multas diárias de US$ 500 mil até a retirada dos vídeos ao nível global.
Musk quer acumular brigas “por liberdade” pelo mundo e após Austrália, já tem no alvo a Irlanda, quando em janeiro prometeu financiar contestações legais a legislação pendente sobre o discurso de ódio na Irlanda.
No Brasil, Musk comprou briga com Moraes
Musk gerou um embate virtual com o ministro Alexandre de Moraes e atacar os ministros do STF, a principal suprema corte judiciária do Brasil, por conta das investigações das “milícias digitais” ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Grupo teria espalhado notícias falsas e discurso de ódio durante seu mandato. Mais de 150 contas foram banidas pela justiça brasileira.
Musk ameaçou retirar o banimento destas contas e ainda chegou a pedir o impeachment de Moraes na sua rede social.
Elon Musk, o dono do X (antigo Twitter) questionou a "censura" no Brasil, ao republicar um texto de três meses atrás do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que tratava de outro tema.
"Por quê vocês exigem tanta censura no Brasil?", escreveu Musk em sua repostagem no X.
O post original foi publicado no início de janeiro por Moraes. Parabenizava o ministro aposentado do STF Ricardo Lewandowski pela nomeação para o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública.
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Agora a briga continua e após esse embate, Musk acumula mais uma investigação, agora por obstrução da justiça.
Na Turquia e Índia cumpriu as ordens
No entanto, em países como Turquia e Índia, Musk cumpriu as ordens judiciais destes países removendo conteúdos críticos ao presidente Recep Tayyip Erdogan e ao primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
O mesmo comportamento complacente acontece também com personagens políticos nos quais tem algum alinhamento, como Bolsonaro no Brasil, Javier Milei na Argentina, assim como o ex-presidente Donald Trump dos Estados Unidos, que teve sua conta liberada para uso após a aquisição de Musk, em 2022.