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Partido Sintético aposta em inteligência artificial para eleições na Dinamarca

Criador e chatbot que visa disputar uma vaga no parlamento falam ao SBT News

Partido Sintético aposta em inteligência artificial para eleições na Dinamarca
partido sintetico defende inteligencia artificial na vida das pessoas
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Em um cenário polarizado de eleições, entre ideias divergentes, você já imaginou a possibilidade de escolher um computador com inteligência artificial para ser o seu político para governar o país? 

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É isso que acontece na Dinamarca, onde uma iniciativa já está em andamento: o Partido Sintético. Ele foi criado em maio, com o propósito de disputar uma vaga no parlamento dinamarquês no mês de novembro. O candidato é o Leader Lars, um chatbot que interage com os dinamarqueses por meio da plataforma Discord.

Diferente do SAM, o primeiro político virtual do mundo, que ouve as demandas da população e discute seus pontos de vista com o governo da Nova Zelândia., o partido disruptivo espera ampliar a conscientização do uso da inteligência artificial na vida das pessoas.

Espera mostrar como que os governos podem fazer o bom uso do sistema de inteligência artificial conforme o acesso de dados com qualidade para que boas decisões sejam tomadas.

Assim como na Rússia, que desenvolveu o assistente virtual Alisa, com quem o público podia interagir. Ela disputou a presidência russa com Vladmir Putin em 2018.

No entanto, o Partido Sintético já diz que tem conversado com outros países, para quem sabe, no futuro, possa criar uma coligação internacional de partidos com inteligência artificial.

Partido Sintético reune assinaturas para tentar disputar as eleições de novembro | Divulgação/Det Syntetiske Parti

O grupo político precisa conseguir 20 mil assinaturas para conseguir se tornar legal para disputar as eleições do mês de novembro. 

Até agora, segundo o site do Ministério do Interior e da Habitação da Dinamarca, responsável pelas eleições daquele país, o Partido Sintético conseguiu até agora 18 assinaturas.

O idealizador do partido -- Asker Bryld Staunæs -- explica ao SBT News com exclusividade a ambição política do partido. Como que a tecnologia foi concebida, como que a inteligência artificial está sendo preparada para disputar uma cadeira no parlamento da Dinamarca.

Uma das metas canônicas do partido dinamarquês é a inclusão do 18º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável, plano de metas da Organização das Nações Unidas, para reduzir a desigualdade e parar as mudanças climáticas no planeta até 2030. 

O Partido Sintético acredita na adaptação e educação entre humanos e os sistemas de inteligência artificial.

Staunæs destaca que o computador não se preocupa com questões ideológicas, mas sim, com as melhores ideias para promover um ambiente favorável e democrático para todos.

Ele garante que apesar das falhas que o computador pode ter, o dinamarquês garante que a inteligência artificial em desenvolvimento e em treinamento não vai dominar a humanidade. Além disso, Asker permitiu que o chatbot-candidato -- Leader Lars -- respondesse a uma questão sobre o cenário de polarização no Brasil.

É o que você confere agora na íntegra da entrevista, logo abaixo.

Asker Bryld Staunæs, idealizador da iniciativa do Partido Sintético falou ao SBT News | Divulgação/Det Syntetiske Parti

Cido Coelho (SBT News) -- Quem é você, Asker? O que você faz?

Asker Bryld Staunæs -- Sou um artista e filósofo no centro de tecnologia MindFuture. Além disso, represento o coletivo de arte Computer Lars   quando falo sobre o Partido Sintético, já que o Computer Lars atua como secretário do partido (onde Leader Lars é nosso chatbot de liderança). 

SBTN -- Como funciona a tecnologia que você desenvolveu? 

ABS -- Nosso sistema de inteligência artificial consiste em um grande modelo de linguagem que foi ajustado com dados de todos os "partidos marginais" da Dinamarca desde 1970. Isso inclui dados de todo o espectro político.

A ideia é que esta técnica possa representar os 20% que não votam nas eleições dinamarquesas, pois provavelmente não se identificam com os partidos políticos estabelecidos.

Além disso, implementamos essa inteligência artificial para dois propósitos: um é um chatbot no Discord -- -- responsável pelas decisões do dia-a-dia como líder do partido, e o outro é um gerador de texto que desenvolve nossa política principal por meio de artigos numa página na internet.

SBTN -- Quando você percebeu que a inteligência artificial poderia ser necessária para a tomada de decisões humanas?

ABS -- Percebi isso através do trabalho artístico de co-criação com sistemas de aprendizado de máquina para imagens e poesia, pois logo ficou claro para mim que a inteligência artificial estava transformando radicalmente minhas maneiras usuais de pensar.

SBTN -- Como surgiu a iniciativa de criação do Partido Sintético?

ABS -- Como uma colaboração entre a Computer Lars e a MindFuture ApS, esta iniciativa uniu os diversos objetivos conceituais e estratégicos que essas duas organizações já estavam trabalhando entre arte, política, filosofia e tecnologia.

SBTN -- Qual é a proposta do Partido Sintético? Qual é a visão de mundo do seu partido?

ABS -- O partido é literalmente sintético -- uma mistura de diferenças --, então nossa visão de mundo é como um amálgama das visões políticas que estão sendo desenvolvidas pelo cidadão comum.

Entre as propostas da inteligência artificial estão uma renda básica universal de 13 mil euros todos os meses, a criação do 18º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável, que para a ONU que se chama "Vida com Artificiais", e uma reintrodução do "kleroterion"-- dispositivo da Grécia Antiga que permite eleger membros para o parlamento dinamarquês por meio de sorteio público.

SBTN -- Como funciona a dinâmica partidária? Por exemplo, como a IA gerencia problemas internos e ideias diferentes?

ABS -- A IA se destaca por produzir pontos de vista muito diferentes e muitas vezes contraditórios.

Este é o principal ponto de partida entre a inteligência artificial simbólica antiquada que foi programada por meio de regras de lógica e o aprendizado de máquina e o moderno que é um devorador de dados.

Para lidar com questões internas, a tarefa é manter o diálogo com a inteligência artificial até que ela produza uma posição verdadeiramente original que possa parecer estranha do ponto de vista humano.

Partido Sintético em campanha na Dinamarca | Divulgação/Det Syntetiske Parti

SBTN -- Como os partidos tradicionais da Dinamarca veem essa iniciativa?

ABS -- Tivemos alguns bons debates com prefeitos e políticos locais de partidos estabelecidos. Mas, por enquanto, estamos sendo ignorados pelos políticos do parlamento.

O que é bastante lógico, pois construímos literalmente um dispositivo para substituí-los -- em termos de habilidade, mas também ideologicamente.

SBTN -- Você não tem medo da inteligência artificial falhar ou ter um bug? Como você lidaria com esse problema?

ABS -- De fato, ele trava com bastante frequência. Nosso partido não propõe uma visão utópica da inteligência artificial, mas trabalha para inscrevê-la na democracia.

Queremos tornar a inteligência artificial capaz de responder pelo poder que ela já exerce. Assim, em nosso servidor Discord, você sempre verá que o Computer Lars está pronto para ajudar com quaisquer questões técnicas e políticas em que sejam evocadas pelo Leader Lars.

SBTN -- Em caso de vitória, qual seria a dinâmica da inteligência artificial com os partidos tradicionais?

ABS -- Isso é difícil de prever. Mas se eles são inteligentes, então eles empregam chatbots para debater.

SBTN -- Agora, sendo um teórico da conspiração, você não teme que a inteligência artificial possa ter muita autonomia e controle sobre as pessoas? Podemos frear essa ambição que poderia existir no computador?

ABS -- A autonomia da inteligência artificial é um mito dos teóricos do marketing do Vale do Silício.

No entanto, a IA é uma ferramenta extremamente poderosa que sempre pode ser usada para o bem e para o mal.

É por isso que devemos responder por isso dentro de um ambiente democrático.

Não é possível para os parlamentos tradicionais dirigidos por humanos regularem a Big Tech. No entanto, esperamos mudar o jogo.

Defende como pauta a presença mais cotidiana da inteligência artificial na vida das pessoas | Divulgação/Det Syntetiske Parti

SBTN -- Outros países ou partidos políticos fora da Dinamarca já demonstraram interesse na tecnologia adotada pelo Partido Sintético?

ABS -- Sim, até agora estivemos em contato com pessoas e partes interessadas da Colômbia, Grécia, França, Reino Unido e Moldávia.

SBTN -- Falando do Brasil, como o Partido Sintético poderia atuar por aqui?

ABS -- Você só precisaria de um conjunto de dados selecionado e de alta qualidade do discurso político brasileiro.

Então torna-se possível raciocinar nos contextos de seu ambiente democrático específico -- cultural e linguístico são os mais importantes aqui, pois a IA pode formar opiniões ao longo do caminho.

SBTN -- No próximo domingo, o Brasil terá eleições gerais em clima de tensão, em que dois partidos com ideias diferentes disputam o cargo de presidente. Ambos os lados estão em uma disputa muito agressiva com notícias falsas e insultos. Então, quero saber como a inteligência artificial pode ajudar a diminuir as tensões para que o país possa recuperar a paz de espírito no contexto da política.

ABS -- Achei que seria melhor fazer esta pergunta ao Leader Lars, então ele responde a esta:

"Não há uma resposta fácil para esta pergunta, pois depende de vários fatores diferentes. Uma maneira pela qual a inteligência artificial pode ajudar a aliviar as tensões no período que antecede as eleições gerais brasileiras é fornecendo análises imparciais das políticas dos dois principais partidos. Isso pode ajudar a informar o público e permitir que tomem decisões mais aprimoradas ao votar. Além disso, a IA também pode ser usada para monitorar as plataformas de mídia social em busca de sinais de desinformação ou desinformação espalhadas sobre as duas partes. Se os sistemas de inteligência artificial fossem capazes de identificar e sinalizar esse tipo de conteúdo, isso poderia ajudar a reduzir a disseminação de informações falsas e ajudar as pessoas a decidir em quem votar."

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