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"O homem das mil startups"

SBT News conversou com João Kepler, CEO da Bossanova, que alcançou a marca de mil startups aportadas

"O homem das mil startups"
joão kepler é ceo da bossanova investimentos
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1000 startups. Não é qualquer fundo de investimentos no mundo que pode contemplar esta conquista. A Bossanova Investimentos conseguiu esta semana o feito ao atingir mil startups aportadas em seu portfólio. Criada em 2015, pelos investidores-anjo Pierre Schurman e João Kepler, a Bossanova se identifica como venture capital, por realizar investimentos em startups que estão em sua fase inicial de operação.

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Todas as empresas aportadas pela Bossanova somam mais de R$ 6,5 bilhões em seu portfólio e mais de 60 exits, ou seja, momento em que a startup vende total ou parcialmente a participação para investidores, via abertura de capital na bolsa (IPO) ou para outra empresa.

O fundo que é liderado pelo cofundador João Kepler conseguiu chegar na meta estipulada antes do previsto, de 10 anos para 6 anos. E a simbólica marca de 1000 startups foi tirada a partir de uma tese onde há uma lógica de ganhos no volume, ou seja, quanto mais pulverizado os aportes, mais empresas poderão sobreviver em um universo onde uma pequena parcela de outras startups morrem. Com isso, alcançando ganhos e evitando perdas no fundo.

"Como é que eu me sinto realizando? Que eu consegui não só um número financeiro, mas, consegui um marco para o Brasil. Porque imagina quantas startups aprenderam a captar imagina como o mercado de startup cresceu de 2015 para cá, imagina quantas empreendedores aprendem através dos meus livros a fazer investimento ou a buscar investimento a captar corretamente a não cometer o erro que eu cometi lá atrás apresentando a empresa", diz Kepler em entrevista ao SBT News.

Além disso, Kepler diz em entrevista que fez um trabalho de evangelização e conscientização com grupos de empresários, universidades, clubes de investimento mostrando a importância de investir em startup no Brasil. 

"E ninguém sabia essa palavra startup. Então, saí falando sobre isso, né? Eu acho que eu perdi as contas a quantidade de MBAs que eu dei aula, a quantidade de vezes que eu fui em faculdades, escolas, curso de administração, curso de economia, para explicar essa tese. Então, eu fiz muito isso, muito mesmo..."

Segundo o banco de dados Crunchbase, no Brasil existem 32 organizações que fazem o tipo de investimento micro VC, ou micro venture capital, que faz aportes em startups no estágio inicial da empresa, quando já está em operação com o modelo de negócio estabelecido (pré-seed).

De acordo com a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCap), em 2016 já existia no país nesta modalidade R$ 2,2 bilhões disponívies para ivnestimentos em empresas, representando 6,7% do volume total do setor, que também envolve o private equity. O levantamento Inside Venture Capital Report da plataforma de transformação digital Distrito aponta que ano a ano aumenta o número de investidores institucionais que fazem aportes no Brasil, passando de 211 em 2017, para 544 em 2021.

A Bossanova impõe algumas condições para fazer este tipo de investimento, as startups devem estar ao menos 18 meses em operação, com uma receita mensal de R$ 30 mil. Assim, cumprindo os requisitos, e após avaliação, faz investimentos entre  R$ 100 mil e R$ 500 mil em empreendimentos de base tecnológica em estágio pré-seed.

O fundo de investimentos fez seu milésimo aporte na plataforma de gerenciamento da privacidade para automatizar e acelerar projetos de proteção de dados pessoais, Privacy Tools, do Rio Grande do Sul.

Segundo a startup, mais de 400 empresas já contrataram seus serviços. A CEO Aline Deparis comemorou o aporte da Bossanova, apontando que estão seguindo o caminho certo. 

"Estamos muito felizes e honrados por recebermos o milésimo investimento para startups da  Bossanova. Trata- se de uma importante credencial que sinaliza estarmos no rumo certo. Mais um motivo para seguirmos em frente, expandindo  e impactando  mais pessoas e empresas como a maior plataforma de Gestão para Privacidade e Proteção de Dados Pessoais do nosso país!" diz Aline Deparis, CEO da Privacy Tools. 

Em entrevista ao SBT News, o CEO da Bossanova Investimentos, João Kepler, fala sobre esta conquista, além da responsabilidade de administrar várias startups e dos desafios que as empresas iniciantes têm ao enfrentar neste momento instabilidades geopolíticas e da economia neste contexto atual. 

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Quem é João Kepler? 

  • João Kepler tem 51 anos, nasceu em Macapá/AP e foi criado em Belém.
  • Começou a vida como empreendedor serial em Maceió/AL, onde vive atualmente com sua família.
  • Ele passa metade do tempo em São Paulo, onde é sócio da Bossanova Investimentos. 
  • É escritor, anjo-investidor, conferencista, apresentador de televisão, podcaster e pai de empreendedores.
  • Foi premiado por quatro vezes como o Melhor Anjo-Investidor do Brasil pelo Startup Awards.  
  • É CEO da Bossanova Investimentos, que realizou neste mês a marca de 1 mil investimentos em startups em 6 anos.
  • Kepler também é conselheiro de empresas e entidades, autor de ouito livros como Smart Money, Gestão Ágil, Se Vira Moleque e O Poder do Equity.

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SBT News: Em 2017, a comunidade empreendedora já o apontava como 'O homem das mil startups'. Agora que você atingiu esta marca, como é ser 'O homem das mil startups'?

João Kepler: Na verdade, eu comecei como empreendedor, né, lá em 2008, 2009... Então, comecei buscando investimento para minha empresa, que era um e-commerce de ingresso, eu não sabia que ela era uma startup. Na verdade, eu não sabia nem o que era startup. 

Eu ouvi dizer sobre startup e tal. Então, eu fui eu soube que tinha dinheiro para esse tipo de projeto e eu fui para os Estados Unidos. Vim aos EUA buscar investimento para esse projeto e recebi não de investidores. Porque eu mostrei para eles, naquela época, aquilo que eu achava importante e não que eles achavam importante ver em um projeto. Por exemplo, eu mostrei estrutura, mesa, cadeira, um funcionário, carro plotado, escritórios... 

Eles queriam ouvir coisas que fossem escaláveis, ou seja, seja independesse menos de custo fixo e mais de sistema mais de automatização que a gente chama de escaláveis. E aí não recebi o investimento. Mas, eu entendi que ali o era um fundo de investimento, que ali eram investidores que estavam na mesa, o papel deles e o que eles queriam efetivamente.

Tudo começou assim, quando comecei, eu vi a dificuldade que era em duas coisas: primeiro em dificuldade dos empreendedores entenderem como captar certo investimento; e a dificuldade para os investidores de escolher corretamente a que quais foram investir, baseado na sua tese.

Então, eu botei algumas coisas na minha cabeça. Primeiro que é eu precisava mudar a minha empresa, aquele e-commerce, para poder receber investimento e para poder até crescer. Porque existe uma nova economia escalada e eu ainda estava com a cabeça na mentalidade de empreendedor tradicional...

Lucro, ganhar dinheiro, mesa, cadeira, estrutura, fachada de prédio, sabe essas coisas que o empreendedor quer, e é normal. O empreendedor quer montar logo, alugar logo a sala dele e começar a trabalhar. 'Montar a barraquinha de açaí dele'. Qualquer empreendedor quer 'montar a barraquinha de açaí' dele.

E ninguém sabia essa palavra startup. Então, saí falando sobre isso, né?


SBT News: Já quer montar um negócio para o dinheiro cair no caixa no dia que abrir...

João Kepler: Exatamente, o foco é vender, ou seja, o foco da barraquinha de açaí, qual é? Vender copo de açaí, quando que na verdade, existe um contexto muito maior que o copo de açaí, que é, qual é o valor dessa barraca? Quantas barracas podem ter? Como grande posso ficar com a marca desse açaí? Sabe, é outro pensamento, não é só o pensamento só de vender o copo de açaí. E desculpa estar falando de açaí, mas só para contextualizar... 

Então, aí o que aconteceu, entendendo essa diferença que eu não sabia que era, achava que era uma coisa óbvia... Não era óbvia, muito diferente de óbvio. Eu disse: 'cara, o Brasil precisa saber disso'. Fui procurar a literatura que no Brasil não tinha, a literatura sobre startups.

Tinha a americana, que era traduzido para o português. Eu disse: 'cara vou começar a escrever sobre isso e vou começar a fazer esse investimentos também no começo para ajudar empreendedor'. Vou começar a falar sobre isso, começar a ajudar os empreendedores investidores e foi assim que tudo começou.

Em 2011, comecei a fazer investimento profissional, e em 2013 comecei a estudar e pesquisar no mundo artigos publicados que tinham resultados dessas empresas de investimento. Quantas empresas investem em venture capital? Como é que funciona a Sequoia? Eu comecei a estudar os grandes veículos de investimento e as universidades, o que elas tinham publicado, na academia mesmo, de artigos. Quais são os artigos públicos, técnicos, que falam sobre resultados de startup?

Então, fui para esse caminho, fui estudar isso e encontrei oito artigos públicos, que diziam o seguinte: 'que o tamanho do portfólio afeta o resultado'. Resumindo a ópera, ou seja, quanto mais você tratar [o portfólio], maior o resultado no final das contas. Parece meio óbvio, mas naquela época não era óbvio.

O que a gente tinha no Brasil? Empresas fazendo investimento, cheques grandes em poucas empresas. Quando eu falo o cheque grande em troca de pouca empresa, o que que significa dizer? Que não democratiza, porque são poucas empresas que tinham acesso ao capital. 

Antigamente o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Economico e Social) só emprestava dinheiro para grandes empresas. Não tinha projeto para pequenas empresas, não espalhava o capital, não distribuía melhor o capital. Aqui tem um problema, a gente precisa ensinar os empreendedores, precisa ensinar e mostrar para os investidores que investir no pequeno também é importante.

E aí eu fiz o estudo próprio, foi o estudo das 1000 startups e eu fiz o estudo das 1000, que em 10 anos, mil startup teria um unicórnio e teria um resultado 'X' no portfólio.

Você perguntou como foi que criou a mil, né? E comecei a divulgar e comecei a falar sobre essa tese das 1000 e aí me nomearam 'O Homem das Mil Startups'. Não foi um número chutado, foi uma coisa pensada, estudada, planejada e calcada. 

Como é que eu me sinto realizando? Que eu consegui não só um número financeiro, mas, consegui um marco para o Brasil. Porque imagina quantas startups aprenderam a captar imagina como o mercado de startup cresceu de 2015 para cá... Imagina quantos empreendedores aprendem através dos meus livros a fazer investimento ou a buscar investimento a captar corretamente a não cometer o erro que eu cometi lá atrás apresentando a empresa.

Quantos investidores começaram a investir a partir dessa motivação que eu dei. Que investir na base é muito importante... Então, hoje, quando você pega um milhão de reais e dá para três empresas ao invés de dar para uma só, eu estou democratizando o acesso ao capital. Estou gerando mais trabalho, mais renda e mais emprego. 

E mais sonhos cara! Mais empreendedores, mais CNPJ e desenvolvimento econômico do país entende? Eu podia ter, eu podia não ser 1.000, eu podia ser só 50. Não é só uma comemoração financeira... Como eu estou te dizendo, é uma comemoração da tese ter sido provada, que lá atrás em 2015, foi estruturada e foi provada agora. Demorou? Demorou! Mas nós fizemos, provamos que ela dá certo. Provamos que tem retorno. Provamos que o dinheiro melhor distribuído gera muito mais economia para todo mundo. 

Além do alcance tem um retorno. O retorno sobre investimento, porque foram mais empresas gerando receita... Foram mais empresas se dando bem acertando, crescendo... E no final das contas o resultado disso é 64 vendas-saídas do que que significa saída, a gente chama de exit esse mercado. 64 vezes o dinheiro voltou para o caixa e apenas 7% das 1000, ou seja setenta empresas quebraram ou morreram.

Aparentemente é pouco, 64 exits. Mas, se você for comparar com outras casas de investimento, que mais tem, tem 30, a gente tem o dobro do volume. E comigo, a venda saiu, o exit, ou seja, dinheiro voltou para o caixa da companhia. Essas ventures captals vendem muito pouco suas empresas, porque elas têm menos empresas em seus portfólios.

"Agora estamos colhendo o fruto antes dos 10 anos, porque o plano era para 10 anos. Lembra que eu te falei, 1.000 startups em 10 anos. A gente chegou antes, seis anos, em 2015. Muito antes dos 10 anos planejado". 


SBT News: Aí com isso, você conseguiu ter mais empresas no mercado, circulando, que o fundo apostou e na prática acabou dando certo porque na sua tese você esperava um corte mínimo de empresas que não sobreviveria e uma grande parte seguiu exatamente como o planejado...

João Kepler: No nosso corte, no nosso estudo das 1.000, a gente estipulou, planejou que 36%, ou seja 360 empresas não iriam para frente e só 7% aconteceu. A gente errou no cálcuo também, a gente sabe que no Brasil, você sabe que 50% das pequenas empresas morrem. Segundo o Sebrae, IBGE, todo mundo fala isso na ótica do pior cenário. 

Agora estamos colhendo o fruto antes dos 10 anos, porque o plano era para 10 anos. Lembra que eu te falei, 1.000 startups em 10 anos. A gente chegou antes, seis anos, em 2015. Muito antes dos 10 anos planejado. 

Pierre Schurman (founder) João Kepler (CEO), da Bossanova Investimentos em evento na frente do prédio da bolsa eletrônica Nasdaq, nos Estados Unidos | Facebook/João Kepler

SBT News: Qual é a principal estratégia para conseguir esta marca?

João Kepler: Educação. Educação foi que eu fiz. Parti para ser uma figura pública, para escrever livros, tem oito livros publicados... Dar palestras, conferências, divulgar e falar sobre o assunto. 

E ninguém sabia essa palavra startup. Então, saí falando sobre isso, né? Eu acho que eu perdi as contas a quantidade de MBAs que eu dei aula, a quantidade de vezes que eu fui em faculdades, escolas, curso de administração, curso de economia, para explicar essa tese. Então, eu fiz muito isso, muito mesmo... De FGV, até todas, acho que todas as grandes faculdades brasileiras. 

Em todos os grupos de empresários, Lide, Space Club, sabe? Eu fui em todos para falar sobre esse assunto para atrair mais investidores. Então, a palavra é educação, é evangelizar mesmo. Eu tenho programa de televisão, tenho um podcast, tenho livros... Então, tudo isso ajudou a trazer esse tema à tona. O Sebrae mesmo só falava de farmácia e padaria, entendeu? Nada contra o empreendedor tradicional, mas cara, tem um outro empreendedor que é o empreendedor que faz aplicativo, que faz site, sabe? E é o que eu invisto. 

A nova economia entrou na cabeça desse empresário. O cara estava na economia tradicional, comprava, vendia e alugava. Hoje, ele tem várias possibilidades de monetização do negócio dele. Ele tem a assinatura, download de aplicativo. Tem permuta online, tem um monte de serviços e modelos de negócios que ele não tinha. 


SBT News: Como é administrar tantas startups e ideias diferentes?

João Kepler: O mais importante que depois do investimento é cuidar das empresas. Então, tivemos que criar um ecossistema, uma engrenagem para cuidar dessas empresas. A gente tem uma comunidade, como um grupo de WhatsApp. Alí tem uma comunidade, um grupo de pessoas, se cria grupos, que se chama comunidade com muito serviços.

Lá tem serviços gratuitos, serviço com desconto, tem treinamento, tem encontros, tem mentoria, vários serviços que a gente disponibiliza através de um time para ajudar os empreendedores. Então, não é só investir, é cuidar também. O mais difícil de tudo é a manutenção do time, é apoiar esse treinador. 

"Estamos muito felizes e honrados por recebermos o milésimo investimento para startups da  Bossanova", diz a CEO da Privacy Tools, Aline Depari.


SBT News: Em um mundo cada vez mais complexo no âmbito político e econômico, quais são os principais desafios para a Bossanova?

João Kepler: Vamos lá para 2016, nós passamos por uma crise política no Brasil. Você lembra? Dilma... E nós crescemos. O que eu quero te dizer com isso é que independente da crise financeira, política, monetária ou guerra, a startup atua no modelo digital.

As pessoas estão dependentes do celular, dependentes do digital. Então, a pandemia provou isso. Porque, o cara estava com a empresa fechada, mas digitalmente estava funcionando? Ele tinha que fazer o distanciamento social, mas digitalmente estava funcionando.

Existiu aí um contraponto importante, porque, por incrível que pareça, as empresas cresceram na pandemia. Então, agora na guerra, estou te falando, existe uma questão de cerceamento de atividades, no digital também.

Se isso acontece, aí sim a gente se prejudica. Enquanto não tiver bloqueios de utilização da internet, como você vê na Ucrânia, o Elon Musk, botou o satélite em cima do país [sistema Starlink] para não parar a internet, a gente não prejudica, continua crescendo, continua trabalhando. 

Os problemas do mundo tradicional acontecem, mas eles não interferem na atividade [digital].


SBT News: A Ucrânia é um ecossistema de startup forte que está em desenvolvimento. Há vários ucranianos que ajudaram a desenvolver startups de sucesso como WhatsApp, Gramarly e PayPal. No entanto, a guerra veio e prejudicou este trabalho...

João Kepler: Eu estou aqui em Austin, no Texas. E está acontecendo o evento aqui chamado South by Southwest (SXSW). Cheguei ontem para este evento, daqui a pouco começa a parte de tecnologia deste evento. O papo aqui era esse. Tinha bastante ucranianos aqui, de tecnologia, developers (desenvolvedores), buscando oportunidades para sair do país.

Eles estão aqui, fugindo da guerra, mas estão trabalhando no digital, trazendo suas startups para cá, fazendo parceria com o mundo. Então, o que você tá falando é realmente uma verdade absoluta.

Aí você vê um russo do lado, um ucraniano do outro. A guerra não é do civil, a guerra é política.


SBT News: Apesar da guerra, não está acontecendo problemas de investimento e fluxo de capital?

João Kepler: Nada está impedindo de aumentar o número de investidores. Absolutamente nada. A pandemia abriu os olhos dos empresários e dos investidores para oportunidade que é investir em startups.

Não tem guerra, não tem pandemia, não tem inflação... Selic alta, porque na Selic alta, o cara pega o dinheiro dele e aponta na renda fixa, porque investir Startup é risco. Renda variável é risco total.


SBT News: Você acha que não ter nenhum problema no Brasil em relação a guerra? 

João Kepler: No Brasil, nós estamos neutros. O país não se envolve diretamente. Então, com isso, a gente tem pista para decolar. Mesmo que se tivesse envolvimento. Se tiver internet, nos vamos criar, vamos fazer startup.

Tenho certeza que a gente não vai entrar de cabeça em nenhuma aventura.

SBT News: Neste caso, a inovação ainda continua acontecendo... Nesta guerra da Ucrânia e da Rússia, a inovação vai seguir normalmente ou pode acontecer alguma coisa que interrompa esse movimento?

João Kepler: A inovação acontece para a solução de problemas. Então, inovar é fazer a mesma coisa de forma diferente. E fazer startup é resolver problemas, empreender é resolver problemas. Então, onde eu quanto mais tem problema, mais vão aparecer empreendedores criando soluções.

Por exemplo, agora não consegue mais levar a água na Ucrânia... Aí vai ter um empreendedor para pegar um carro pipa pequenininho, para não chamar atenção. 

Vai levar água de pouquinho, de tanquinho em tanquinho, ao invés de levar de tanque grande... Entendeu? É um cara vai arranjar um jeito de ganhar dinheiro e resolver o problema. 

Então, qualquer crise, qualquer situação que exista sempre vai ter um empreendedor querendo vender e fazer do limão uma limonada.


SBT News: Qual é a principal dica que você dá para seja possível o sucesso em uma startup? Alguém que lê esta entrevista, como faz para levar a sua ideia, para chegar no João Kepler, e ter a oportunidade de ser escolhida?

João Kepler: Como faz para saber se esta ideia é boa, para ser escolhida por um investidor? Primeira coisa, depois que tiver a ideia é o que a gente chama de validação. Que é testar a ideia. A chave, o segredo, é a validação.  

Então, vou te dar um exemplo: o cara quer vender uma camiseta online com o nome 'Cido'. Certo? O que eu tenho que fazer antes de fazer o e-commerce, antes de montar um CNPJ, antes de qualquer coisa... Antes de fazer várias camisetas do 'Cido'...

Ao invés de fazer isso, eu faço uma ou duas, bato a foto, e começa a testar no WhatsApp mandando para as pessoas. Assim, 'aqui essa camiseta, você compraria? Você quer comprar? 

Tipo fazer um protótipo, um MVP -- Mínimo Produto Viável --, é criar um protótipo, e testar em plataformas existentes -- como WhatsApp, Instagram, sites gratuitos como Wix, e não criar uma sua ainda. Você não precisa investir nada enquanto não validar.  

E quanto mais tempo você passa validando, melhor vai ser a análise do investidor, o que ele vai ver que você já estressou o assunto, a solução do problema que quer resolver.  


SBT News: Como você avalia o cenário das startups para este ano?

João Kepler: A gente vai ter uma avalanche de empreendedores buscando criar suas startups. Toda universidade, toda escola primária, secundária está falando de startups... Então, não tem um lugar que startup e basta o cara olhar no celular e está cheio de startup no celular dele.

Antigamente era uma palavra que ninguém conhecia. Então basta você ver a audiência dos programas que fala sobre isso. 

Eu tenho junto com o Primo Rico, Tiago Igor, eu tenho um programa no YouTube com ele chama Primo Startup. É como se fosse um Shark Tank, a gente filma a gente investindo. 

Só aqui no South by Southwest (SXSW), tem registrado 1.400 brasileiros. A grande maioria veio pelo tema startup. Eu fico muito feliz, porque eu sou um dos pioneiros desse negócio, no Brasil. Está crescendo muito e vai crescer cada vez mais.

Venture capital celebra o milésimo investimento em startups na bolsa eletrônica Nasdaq, em evento em Nova Iorque, nos Estados Unidos | Divulgação

O que é a Bossanova Investimentos?

>>> Fundada em São Paulo em 2015 por Pierre Schurman (founder) e João Kepler (CEO);
>>> São R$ 6,5 bilhões em seu portfólio e mais de 60 exits;
>>>  É uma empresa de micro venture capital, que é um tipo de investimento onde as aplicações são feitas em empresas iniciantes de pequeno a médio porte que tem grande potencial de crescimento no mercado;
>>> Investe em startups no estágio pré-seed (pré-semente) ou seja, quando a startup já possui um modelo de negócio estruturado e está buscando capital para impulsionar o negócio;
>>> Entre as startups investidas estão a Almoço Grátis, Agenda Boa, Be.academy, ContaÁgil e entre outras que formam o portólio de 1 mil startups aportadas. 

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