Pampa é o bioma do Brasil menos protegido por unidades de conservação
Região apresenta a maior biodiversidade de plantas por metro quadrado entre os ecossistemas do país

SBT News
O Pampa, presente em parte do Rio Grande do Sul, é o bioma menos protegido pelas unidades de conservação presentes em todo o país, de acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima apresentados no seminário técnico-científico promovido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima para debater a elaboração de um plano de prevenção e controle do desmatamento do bioma.
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Atualmente a região tem apenas 49 unidades de conservação, que alcançam somente 3,03% de sua extensão de cerca de 17,6 milhões de hectares, segundo a fala do secretário-executivo do ministério, João Paulo Capobianco.
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Na ocasião, o secretário ainda lembrou que o Brasil é signatário das metas de Aichi, estabelecidas na 10ª Conferência das Partes das Nações Unidas (COP10), em 2010, no Japão, que previa a proteção de 17% da área continental e 10% do território marinho por meio da criação de zonas de proteção integral.
O prazo para o cumprimento das metas era 2020, mas não foi cumprido em relação ao bioma Pampa. O compromisso internacional foi renovado pelo governo brasileiro durante a 15ª Conferência das Partes das Nações Unidas (COP15), em Montreal, no Canadá, quando o Marco Global para a Biodiversidade de Kunming-Montreal ampliou as metas para 30% de proteção integral tanto dos biomas terrestres quanto da zona marítima, até 2030.
Faltando pouco tempo para o cumprimento do novo prazo, apenas 122 mil hectares do Pampa correspondem às áreas de proteção integral e 416 mil hectares estão em áreas de conservação, mas são de uso sustentável, lembrou Capobianco no seminário.
“Temos que todos buscar vencer esses desafios. O governo federal possui seis unidades de conservação no bioma Pampa, se forem criadas, aumentaremos em 2,5% a proteção do bioma, com a inclusão de mais 486 mil hectares, chegaríamos, portanto, a 5,5%, muito longe ainda dos 30%”, alertou.
Para o secretário-executivo do ministério, além de alcançar as metas, o país precisa enfrentar o desafio da degradação e definir quais são as ações tanto no campo técnico-científico quanto nas políticas públicas, que podem promover a conservação e a restauração de áreas de altíssima importância biológica.
“O Pampa, assim como Pantanal, têm uma vocação para uma pecuária ecologicamente sustentável. Isso deve ser fortalecido, mas, evidentemente, temos que evitar a expansão e a substituição dos campos naturais por plantios agrícolas, que podem de fato comprometer o conjunto do bioma”, disse.
O Pampa
O ecossistema representa apenas 2% de todo o território nacional e está presente apenas no estado do Rio Grande do Sul. O bioma também ocupa parte do Uruguai e da Argentina. Se levado em consideração a quantidade de plantas por metro quadrado, o Pampa possui maior diversidade, de acordo com uma pesquisa feita pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que encontrou 57 espécies diferentes de plantas em 1 m² de campo nativo.