Troca de comando na PGR viabilizou operações da Polícia Federal
Os investigadores esperaram a escolha de Lula no comando do MPF para disparar buscas e apreensões.
Leonardo Cavalcanti
Iasmin Costa
Desde o final do ano passado, a Polícia Federal já contava com elementos suficientes para desencadear uma operação com foco na cúpula dos responsáveis pela tentativa de golpe de Estado. Mas as ações andaram a passos lentos por conta de uma indefinição. Quem iria assumir o comando da Procuradoria Geral da República, responsável por oferecer denúncia e se manifestar dentro das investigações?
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) bateu o martelo. Entrou Paulo Gonet, saiu Augusto Aras. De acordo com fontes a par das investigações, a escolha por Gonet foi vista como essencial pelos investigadores. Eles entenderam que, pelo seu histórico de atuação, o novo PGR daria continuidade às apurações.
+ A minuta, o QG do Golpe no PL e as reuniões no Planalto: como a PF chegou a Bolsonaro
No dia 15 de dezembro de 2023 o Diário Oficial da União trouxe a oficialização do nome de Gonet. Ele tomou posse dia 18 de dezembro do ano passado. No discurso de posse, Gonet deu sinais de que iria se familiarizar com as ações do MPF e assim foi feito.
Com o chefe do Ministério Público por dentro dos casos, os investigadores intensificaram as operações contra os golpistas, como a que ocorreu nesta quinta-feira envolvendo o núcleo duro do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Dentro do Judiciário as peças de xadrez movimentadas por atores políticos também foram decisivas para dar respaldo às operações da PF. A declaração do comandante do Exército, general Tomás Paiva, que afirmou a interlocutores que puniria oficiais que comemorarem o aniversário do golpe militar de 1964 em 31 de março, caiu como uma luva para a tomada de decisões do ministro Alexandre de Moraes.
A postura do comandante do Exército não teve orientação direta do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, mas foi tomada depois que a pasta manteve silêncio diante do aniversário do golpe de 1964.
A partir daí, Moraes sentiu-se mais forte para autorizar a entrada com tudo das forças policias que agora estão em busca dos mentores intelectuais da tentativa de golpe de Estado em janeiro de 2023.
+ Braga Netto chamou comandante do Exército de “cagão” por não aderir ao golpe