Virose no litoral: o que é o norovírus, que teve casos identificados na Baixada Santista
Infectologista aponta que esse tipo de vírus é comum entre os surtos de doenças gastrointestinais e possui alto potencial de transmissão
Wagner Lauria Jr.
A Secretaria de Saúde de São Paulo confirmou, nessa quarta-feira (8), a presença de norovírus em amostras de fezes humanas coletadas na Baixada Santista, no litoral do estado. Os testes foram feitos pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL).
+ Surto de virose: pessoas que não estavam na praia podem pegar a doença? Como evitar?
De acordo com o infectologista Marcelo Neubauer, esse tipo de vírus é comum entre os surtos de doenças gastrointestinais e resistente. Por isso, possui alto potencial de transmissão.
"Normalmente essa transmissão se dá por via fecal-oral e normalmente no verão você acaba tendo maior incidência de casos pela aglomeração: nas praias e também em navios, uma vez que pode haver falha no sistema de reciclagem da água e contaminar todos os tripulantes", explica.
Com o surto de virose que atingiu parte do litoral de São Paulo e de Santa Catarina, muitas dúvidas vêm surgindo entre as pessoas: posso ser contaminado(a) mesmo sem ter ido à praia, só tendo contato com pessoas que vieram das regiões afetadas? Como evitar a contaminação?
Um ponto importante destacado pelo especialista é que as pessoas contaminadas só transmitem a doença antes de manifestarem os sintomas, que incluem náusea, vômito, cólicas e diarreia.
"Com um ou dois dias de sintomas, não há mais transmissão. Mas a gente só vai ter certeza disso a hora que identificarmos de qual vírus se trata", avalia.
Como evitar infecções?
O especialista ressalta que é preciso manter o máximo de rigor em termos de higiene: lavagem de mãos, de objetos de uso pessoal, do banheiro e, principalmente, do assento sanitário.
De acordo com o especialista, a aglomeração que ocorre nesse período de celebrações também contribui para o aumento de casos. "Se uma pessoa se contamina, toda vez que ela mexe nos alimentos ou come alguma coisa, ela pode contaminar outras pessoas", explica.
Por isso, ele também reitera que é essencial garantir a refrigeração adequada dos alimentos e o consumo de água apenas de fontes seguras.
Veja outras orientações
+ Leve seus próprios lanches durante passeios ao ar livre;
+ Observe bem a higiene de lanchonetes e quiosques;
+ Tenha atenção redobrada com comidas em self-service;
+ Não consuma gelo, "raspadinhas", "sacolés", sucos e água mineral de procedência desconhecida.
Água do mar pode ser fonte de transmissão
Neubauer destaca que engolir sem querer a água do mar pode causar contaminação pelo vírus. Por isso, é importante atenção à qualidade da água do mar antes de se banhar no litoral paulista. É possível conferir a situação no aplicativo ou site da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
As praias também são sinalizadas com bandeiras de acordo com a qualidade. De acordo com a Cetesb, a orientação é que a população evite entrar no mar se a praia estiver classificada com a cor vermelha, indicando condição imprópria. Também não é recomendado o banho na água 24 horas após as chuvas.
O que fazer se eu for contaminado?
Os sintomas mais comuns são náusea, diarreia, vômito, febre e dor de cabeça. Em caso de contaminação, a indicação é se hidratar com água, sucos, isotônicos e água de coco, além de manter uma alimentação leve.
A recomendação médica é tratar os sintomas em casa, com exceção de crianças muito pequenas e idosos, que podem apresentar complicações. Os sintomas costumam durar em média três dias: "A infecção é autolimitada e sara sozinha", afirma o médico.
Grupos de risco
O especialista ressalta que os grupos de riscos, que precisam ter cuidado especial, são bebês recém-nascidos, idosos, pessoas com problemas cardíacos, renais e diabéticos. Para esses pacientes, é preciso acompanhamento médico.
Buscas por Norovírus com tendência de alta no Google
O interesse de busca por Norovírus no Google Brasil está com tendência de alta em relação aos últimos 12 meses. Os dados são do Google Trends.