Vacina contra bronquiolite começa a ser oferecida pelo SUS para gestantes
Imunização protege bebês antes mesmo de nascerem contra o vírus sincicial respiratório, principal causa de internações infantis
Simone Queiroz
O Sistema Único de Saúde (SUS) vai oferecer, a partir de novembro, uma a vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR), responsável por doenças como a bronquiolite. O imunizante será aplicado em gestantes e deve beneficiar cerca de 2 milhões de recém-nascidos, por ano.
A bronqueolite é uma inflamação nos brônquios que, em mais de 80% dos casos, é provocada pelo VSR. O vírus também é responsável por 60% dos diagnósticos de pneumonia em crianças de até 2 anos de idade.
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Na ala pediátrica do maior hospital público de Osasco, na Grande São Paulo, só nesta semana, cinco crianças foram internadas com a inflamação. De início, os sintomas podem parecer de um resfriado simples.
“O bebezinho vai ter tosse, coriza, obstrução nasal, febre baixa e às vezes um pouco de inapetência. Muitas vezes pode se confundir com um resfriado comum, mas a diferença é que pode evoluir com gravidade”, explica a médica pediatra e intensivista Vera Ruth Queiroz.
Nestes casos, é preciso ter atenção a alguns sinais: se bebê não mama, apresenta cansaço, sinais de desconforto ou chiado no peito e não melhora. Esses são sintomas importantes para levar a criança ao pediatra.
Vacina gratuita no SUS
Para reduzir os riscos, os postos de saúde do país passam a oferecer uma vacina contra o VSR. Ela será aplicada em gestantes a partir da 28ª semana de gravidez. Assim, a proteção chega aos bebês já no nascimento.
“Quando a gente vacina a mãe, a criança já nasce com anticorpos, seja por via transplacentária ou pela amamentação. Nos três primeiros meses de vida, a imunidade chega a 80%. Aos seis meses, cai para 69%, mas é suficiente para prevenir casos graves”, explica Satiro Marcio Júnior, coordenador da Vigilância Epidemiológica de Osasco.
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A distribuição gratuita da vacina pelo SUS é resultado de um acordo entre o Ministério da Saúde, o Instituto Butantan e a farmacêutica Pfizer, que até então produzia e vendia o imunizante. O contrato prevê a transferência total de tecnologia, o que elimina a dependência da importação. Hoje, a vacina está disponível apenas na rede privada e custa cerca de R$ 3,5 mil.
O primeiro lote do SUS terá 1,8 milhão de doses, com início da distribuição previsto para a segunda quinzena de novembro.