Por que existem gêmeos siameses? Entenda
As causas dessa anomalia rara ainda não são bem explicadas pela ciência, mas a descoberta pode vir durante a gestação
Como são formados os gêmeos siameses? Conhecidos também como xifópagos, são irmãos que compartilham uma parte do corpo, logo, nascem e vivem ligados um ao outro, na definição da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É considerado uma anomalia rara e suas causas ainda não são bem explicadas pela ciência.
+ Irmãos siameses mais velhos do mundo morrem aos 62 anos
No último dia 7 de abril, os gêmeos siameses Lori e George Schappell morreram aos 62 anos, no estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Eles eram considerados os siameses vivos mais velhos do mundo, de acordo com o Guinness World Records.
George, que tinha espinha bífida e era 10 centímetros mais baixo, tinha dificuldades de mobilidade, enquanto Lori não possuía problemas nesse sentido e o transportava de cadeira de rodas.
Nascidos em 18 de setembro de 1961, os Schappell tinham cérebros distintos, mas estavam unidos pelo crânio. É o caso de Abby e Brittany Hensel, que estão com 34 anos. Recentemente uma delas, Abby, se casou secretamente com Josh Bowling, veterano do exército norte-americano, de acordo com registros obtidos pelo site Today.
Brittany, a gêmea esquerda, não consegue sentir nada no lado direito do corpo e Abby, que se casou e fica no direito, não consegue sentir nada do seu lado. No entanto, instintivamente seus membros se movem como se fossem coordenados por uma pessoa, como quando estão digitando e-mails no computador, por exemplo, segundo o jornal Daily Mail.
+ Abby e Brittany: como funciona o corpo das gêmeas siamesas unidas pela cabeça?
Como são formados os gêmeos siameses?
Os gêmeos são resultantes da fertilização de dois óvulos por dois espermatozoides ou, ainda, vem da segmentação (divisão) de um embrião resultante da fertilização de um óvulo por um espermatozoide. No caso dos siameses, há uma anomalia no processo de formação de gêmeos monozigóticos, ou seja, aqueles que se desenvolvem a partir de um único óvulo fertilizado e são geneticamente idênticos (por isso também são sempre do mesmo sexo). Além disso, na maior parte dos casos, ele dividem a mesma placenta e bolsa amniótica - responsável por proteger o feto de choques térmicos e mecânicos que podem ocorrer durante a gestação (monoamniótica).
Apesar de não se saber ao certo por que os gêmeos siameses se formam, alguns autores têm a hipótese que a formação anormal acontece por fatores externos atuantes entre o 13º e o 15º dia após a fecundação, segundo artigo publicado na Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento.
É possível descobrir que os gêmeos serão siameses ainda na gestação?
O diagnóstico da gemelaridade imperfeita, termo que também define as situações em que os gêmeos nascem grudados, pode ser feito no período pré-natal pela ultrassonografia obstétrica a partir de 12 semanas (em alguns casos, é indicada a ressonância nuclear magnética). Em algumas situações, a descoberta só vem após o nascimento.
Qual é a prevalência?
No mundo, a prevalência de gêmeos siameses é de um cada 60 mil nascimentos. No Brasil, foram registrados pouco mais de 500 casos de gêmeos siameses unidos nos últimos 11 anos, de acordo com a Rede D'Or São Luiz. É mais comum a conexão pelo tórax (respondendo por 67% do total), seguidos pelos onfalópagos (unidos pelo umbigo), isquiópagos (na pelve), dicéfalos (duas cabeças, mas apenas um corpo) e parapagus (na parte de trás da cabeça). No caso de Lori e George Schappell, elas estão unidas pela cabeça e possuem dois corpos; já Abby e Brittany Hensel têm duas cabeças em apenas um corpo, com o compartilhamento de alguns órgãos.
Alta taxa de mortalidade
Segundo dados do Hospital Infantil da Filadélfia, cerca de 70% dos gêmeos siameses são do sexo feminino e a maioria não resiste ao nascimento. Por isso o caso dos siameses que morreram com mais de 60 anos chama a atenção.