Por que ex-atletas como Tande podem ter infarto? Entenda
Ao falar sobre o susto em suas redes sociais, ex-campeão olímpico relatou sintomas como dor de ouvido e na mandíbula. Saiba mais
O ex-jogador da seleção brasileira de vôlei Tande, de 54 anos, sofreu um infarto agudo do miocárdio na última sexta-feira (12), após descuidar de sua saúde por "uns 4 anos", segundo relato publicado por ele em suas redes sociais. Por que ex-atletas podem infartar?
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Para o cardiologista Ricardo Contesini, quando a pessoa interrompe a prática de exercícios, passa a ter os mesmos riscos de doenças cardiovasculares das pessoas sedentárias.
"A atividade física vai proteger seu coração e sua saúde enquanto você pratica", explica
O que acontece com os atletas e pode contribuir para a incidência de infarto, segundo Contesini, é que eles mantêm a mesma alimentação da época em que treinavam, com o mesmo consumo de calorias, gordura, carboidratos, só não "queimam" mais esse consumo.
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Dor no ouvido e na mandíbula indica infarto?
Ao falar sobre o susto em suas redes sociais, o atleta relatou sintomas como dor de ouvido e na mandíbula. Contesini disse que, para homens, é mais comum que a dor no peito irradie para a região da mandíbula, como aconteceu com o ex-campeão olímpico, além do braço esquerdo e as costas. Já nas mulheres é mais comum a dor aparecer na boca do estômago, sem necessariamente vir do peito, podendo ou não irradiar para as costas. Em muitos casos do sexo feminino, há a presença de náusea, vômitos e sudorese fria.
"Às vezes o indivíduo tem uma dor na mandíbula, mas não pensa na possibilidade de infarto", disse Nivaldo Menezes, conselheiro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)
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O que causa o infarto?
Nivaldo alerta que, no caso dos ex-atletas, o descuido da saúde gera alguns dos fatores de risco para o infarto, são eles: aumento de peso, alta nas taxas de gordura no sangue, diabetes, além de descontrole da pressão arterial.
As causas também podem ser genéticas. Por isso, o ideal é monitorar
Os dois especialistas ressaltam que há componentes genéticos envolvidos nos fatores de riscos para o infarto. Ou seja, pacientes que não estão acima do peso também podem ter colesterol e triglicérides alto, diabetes, além de hipertensão arterial. A hipercolesterolemia familiar (HF) é um exemplo. A condição hereditária se caracteriza pela produção excessiva de colesterol desde a infância ou adolescência e pode provocar obstrução ou entupimento das artérias se não tiver tratamento precoce. O triglicérides alto também pode ser silencioso e não ter relação com o peso.
No caso da diabetes, ela pode ser considerada autoimune quando for tipo 1, já que o próprio sistema imunológico ataca as células que produzem a insulina. Também é de início precoce, na adolescência e na infância. No caso da tipo 2 pode ter um componente genético envolvido, além de fatores ambientais, como a dieta.
Por isso, é importante o monitoramento da pressão arterial, além da realização de exames cardiológicos como o eletrocardiograma e ecocardiograma, que calculam a probabilidade de o indivíduo desenvolver um AVC (Acidente Vascular Cerebral) ou ter um infarto, segundo Menezes. Além disso, é importante a realização de exames de sangue de rotina.
Contesini ressalta que a rotina anual de check-up cardíaco deve começar depois dos 35 anos. Em alguns casos, os pacientes vão precisar tomar remédios ao longo de toda a vida para o controle das doenças.
Como prevenir o infarto?
As recomendações são controle da pressão arterial e do peso, além dos níveis de triglicérides, colesterol, diabetes, evitar o tabagismo e o estresse.
Nivaldo ressalta que o ideal é que a pessoa se mantenha ativa ao longo da vida, ou seja, com a prática regular de exercícios físicos, mesmo que sem a intensidade de antes, como no caso dos atletas. Sua recomendação é de no mínimo 150 minutos de atividade aeróbica por semana, a mesma carga recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
"Bicicleta, caminhada, corrida. A gente sempre recomenda a utilização de um tênis adequado e supervisão de um orientador físico", disse
Além disso, a musculação também é eficaz, segundo o especialista, porque cria resistência, protege contra lesões e favorece a redução de gordura visceral, fator de risco para desenvolver diabetes e obesidade.
A alimentação desempenha um papel importante. Ela precisa ser rica em frutas, legumes e sem gorduras e carboidratoss em excesso, segundo Menezes.
Perder peso pode ajudar, mas não pode ser "de forma agressiva"
O especialista da SBC alerta que hoje há diversos remédios novos para obesidade (como o próprio Ozempic), mas que esse processo deve ser feito de forma lenta e progressiva, fruto de uma dieta saudável balanceada e prática de atividades físicas regulares, não "de forma agressiva, com dietas milagrosas que agridem a saúde".