Estudo mostra crescimento de 150% em internações por infarto
Temperaturas mais baixas e infecções respiratórias aumentam o risco de infarto

Luciane Kohlmann
Dados do Instituto Nacional de Cardiologia (INC) mostram que as internações por infarto no Brasil cresceram 150% entre 2008 e 2022.
Entre homens, o número de internações passou para 13,6 mil infartos por mês, um aumento de 158,32%. Entre as mulheres, para 4,9 mil internações mensais, um crescimento de 157,59%.
Os pesquisadores apontam como principais causas para essa elevação nos números o envelhecimento da população, o aumento da obesidade e do sedentarismo, além da hipertensão e diabetes. Infecções respiratórias como a gripe também são gatilhos para infartos.
"Se a gente pensar que a gente tem problemas hoje de cobertura vacinal, de infecções respiratórias, é uma coisa que deveria ser um motivo de preocupação. Alguns estudos falam que você aumenta o risco em torno de 45% a 53%", afirma o médico Bernardo Tura, pesquisador do INC.
O engenheiro mecânico Geraldo Pergher passou boa parte da vida com sobrepeso. Há cerca de 15 anos, decidiu mudar, melhorou a alimentação e começou a correr, mas na pandemia, o excesso de trabalho obrigou o homem de 56 anos a parar.
E na hora do retorno às pistas, veio o susto: "nunca eu ia imaginar que eu ia me expor a uma situação dessas de um infarto de miocárdio. Nunca realmente ia imaginar, mas são aquelas coisas que a gente traz do passado, né? Então tem que ter aquele controle o tempo todo".
O ataque do coração ocorreu em um sábado gelado de julho de 2021, e é justamente no inverno que as internações por esse problema cardíaco sobem 27% no Brasil.
Bernardo Tura explica o risco que as temperaturas mais baixas trazem para o organismo: "a pele nossa ela pode esfriar, mas o coração não pode, o intestino não pode, então pra garantir que o sangue circule melhor pros órgãos internos, o corpo fecha as veias, fecha as artérias. O problema é que isso aumenta o trabalho do coração, e aí pode faltar oxigênio e o coração pode enfartar".