Plástico na cozinha pode aumentar risco de câncer e infertilidade; veja como se proteger
Plásticos pretos reciclados podem liberar substâncias químicas tóxicas, muitas vezes provenientes de lixo eletrônico; saiba quais são os produtos

Wagner Lauria Jr.
Presentes em quase todas as cozinhas, recipientes e utensílios de plástico são vistos como práticos e baratos — mas podem estar colocando sua saúde em risco. Estudos recentes mostram que esses objetos, especialmente os feitos com plásticos pretos reciclados, podem liberar substâncias químicas tóxicas, muitas vezes provenientes de lixo eletrônico.
+ Microplástico são identificados em cérebros humanos. O que isso significa?
O que poucos sabem é que os plásticos são formados por diferentes tipos de polímeros e carregam aditivos químicos como corantes, plastificantes e retardantes de chama. Ao entrarem em contato com o calor, alimentos, microrganismos ou resíduos ambientais, essas substâncias podem se desprender e contaminar os alimentos e, consequentemente, o organismo humano.
+ Orlando Bloom faz tratamento de R$ 75 mil para remover microplásticos do sangue
Quais utensílios de cozinha são perigosos?
- Espátulas de plástico preto podem conter substâncias tóxicas herdadas da reciclagem de lixo eletrônico, como metais pesados e retardantes de chama;
- Tábuas de corte de plástico liberam pequenos fragmentos – os chamados microplásticos – que podem ser ingeridos sem que percebamos;
- Recipientes plásticos ao serem aquecidos no micro-ondas podem liberar compostos nocivos nos alimentos.
- Esses elementos estão associados a riscos à saúde, incluindo câncer, infertilidade, neurotoxicidade e desregulação hormonal.
Plástico preto: reciclado, mas perigoso
O plástico preto é amplamente utilizado em utensílios de cozinha, bandejas para alimentos prontos e até brinquedos infantis. O problema é que grande parte dele é produzido a partir de resíduos eletrônicos reciclados, que contêm substâncias químicas altamente tóxicas.
Um estudo recente identificou retardadores de chama em 85% dos 203 produtos testados, o que sugere o uso de material reciclado de origem duvidosa.
Riscos para crianças
As crianças são especialmente vulneráveis à exposição a esses compostos. Isso porque seus corpos ainda estão em desenvolvimento e reagem de forma mais intensa a substâncias químicas. Segundo a professora Jane van Dis, da Universidade de Rochester, já foram detectados retardadores de chama em leite materno nos EUA, além de contaminação por poeira doméstica e alimentos.
Brinquedos de plástico, quando mastigados, podem liberar toxinas que afetam diretamente o desenvolvimento cerebral e reprodutivo das crianças.
Microplásticos nos alimentos
Uma pesquisa recente simulou a ingestão diária de microplásticos por meio da alimentação, oferecendo a camundongos partículas oriundas de tábuas de corte. Os resultados revelaram inflamação intestinal e alterações na microbiota, dependendo do tipo de plástico. Isso mostra que o risco é maior e mais variado do que se pensava, reforçando a preocupação com a exposição cotidiana.
Para Katrina Korfmacher e Christy Tyler, diretoras do Lake Ontario MicroPlastics Center, o simples ato de preparar uma refeição pode estar contribuindo para o acúmulo de microplásticos no corpo humano. No entanto, elas alertam que ainda não se sabe exatamente o impacto dessa exposição a longo prazo.
Como se proteger?
Apesar das incertezas científicas, algumas medidas podem ajudar a reduzir a exposição a essas substâncias:
- Prefira utensílios de madeira ou aço inoxidável ao invés de plásticos pretos;
- Evite aquecer alimentos em recipientes plásticos no micro-ondas;
- Lave bem as mãos e superfícies após o contato com embalagens plásticas;
- Impeça que crianças mastiguem brinquedos de plástico, especialmente os coloridos ou escuros.
“Essas substâncias são desreguladores endócrinos, ou seja, podem interferir no sistema hormonal e causar diversos problemas de saúde”, explica Jane van Dis.
Um problema maior: o ciclo do plástico
Especialistas alertam para a necessidade de políticas públicas que impeçam o uso de lixo eletrônico na fabricação de produtos de consumo — especialmente os que têm contato com alimentos ou com crianças. Além disso, pedem testes mais rigorosos, regulação de aditivos tóxicos e alternativas mais seguras no setor industrial.
Enquanto isso, cabe ao consumidor estar atento e fazer escolhas mais seguras no cotidiano — afinal, o risco pode estar à espreita no prato do dia a dia.
*Com informações do Futurity