Passageiro em Guarulhos com suspeita de Mpox está com catapora; é possível diferenciar?
Ambas são doenças virais, com sintomas parecidos, mas diferenças sutis; exame PCR é indicado para todos os casos suspeitos
O passageiro que desembarcou no domingo (25) no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, com suspeita de mpox, na verdade, foi contaminado pelo vírus da Varicela-Zoster, causador da catapora. É possível diferenciá-las?
+ Mpox: quais são os primeiros sintomas e como identificar a doença?
Ambas são doenças virais, com sintomas como febre, cansaço e dor de cabeça. Mas as duas têm uma característica em comum, que pode ajudar em sua diferenciação: as erupções cutâneas. Como a Mpox, a evolução das feridas na catapora é semelhante e vai de macular (tom avermelhado em determinada região da pele) até adquirir o caráter de crosta e da descamação.
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Há um aspecto, no entanto, que pode ajudar a diferenciar as duas doenças, como a profundidade das feridas da mpox ser superior, segundo artigo "Vírus Varicela Zoster x Monkeypox Vírus: aspectos clínicos e epidemiológicos" publicado na Brazil Journal of Health Review. E, apesar das duas causarem coceira, a ferida da monkeypox pode também ser mais dolorosa, de acordo com a publicação.
Ainda segundo o documento, outro fator é localização das feridas da varicela, que são mais frequentemente encontradas no tórax, na lombar e na região sacral (fim da coluna vertebral). Já as da Mpox costumam atingir o ânus, reto e órgãos genitais, além da palma das mãos e sola dos pés.
Fazer exames é essencial para diferenciar o diagnóstico
Ainda que possua algumas pequenas diferenças, em caso de suspeita, é preciso fazer exames como o PCR (que é a detecção de DNA viral por reação em cadeia da polimerase). No caso do passageiro do Aeroporto de Guarulhos, o exame foi feito pelo Instituto Adolfo Lutz, vinculado à Secretária Estadual de Saúde.
Além disso, as duas doenças têm vacina como método preventivo. No caso da varicela, no Brasil o imunizante está disponível da rede pública de saúde, com a primeira dose sendo administrada com 15 meses de idade (parte da vacina tetraviral (SCR-V)) e a segunda aos dois anos (vacina varicela monovalente).
A Mpox também pode ser confundida como o sarampo, a herpes e a sífilis.
É possível pegar catapora e mpox ao mesmo tempo?
Na atual epidemia da doença nenhum caso foi identificado. No entanto, na epidemia anterior, de 2022, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) detectaram a infecção por catapora e mpox ao mesmo tempo em um paciente de 18 anos.
A transmissão das duas doenças, inclusive, é semelhante: pelo contato com a pele de pessoas que estão contaminadas ou feridas, além de animais e objetos infectados.
Tem vacina para Mpox e catapora?
Além disso, as duas doenças têm vacina como método preventivo. No caso da varicela, no Brasil, o imunizante está disponível da rede pública de saúde, om a primeira dose sendo administrada com 15 meses de idade (parte da vacina tetraviral (SCR-V)) e a segunda aos dois anos (vacina varicela monovalente).
No caso da Mpox, existem, até o momento, três vacinas contra a doença disponíveis globalmente. No entanto, apenas duas delas são recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e possuem aprovação em alguns países. Essas vacinas são a ACAM2000, produzida pela Sanofi Pasteur, e a Jynneos (também conhecida como Imvamune ou Imvanex), desenvolvida pela Bavarian Nordic. A vacina Jynneos já foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2023.
O imunizante foi oferecido para pessoas imunossuprimidas, além de profissionais de laboratório que trabalham diretamente com orthopoxvírus [pertencente à família do vírus da monkeypox] e pessoas que tiveram contato direto com fluidos e secreções corporais de pessoas com suspeitas da doença. Mais de 29 mil doses contra a mpox foram aplicadas no Brasil.
No entanto, o Brasil não planeja vacinação em massa, segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, ainda que esteja sendo negociada pela pasta a aquisição emergencial de 25 mil doses de vacina contra a doença.
A ministra destacou que os especialistas continuam a avaliar a eficácia das vacinas no combate à nova cepa do mpox. Ela também mencionou a dificuldade na aquisição de imunizantes, devido à limitação na produção em massa das doses.
Mpox como emergência de saúde global
Considerada emergência de saúde global pela OMS desde o último dia 14, a organização informou que a nova variante 1b do mpox tem uma taxa de letalidade alarmante de mais de 10% entre crianças pequenas na África Central. Em contraste, a variante 2b, responsável pela epidemia global de mpox em 2022, apresentava uma taxa de letalidade abaixo de 1%.
A entidade decretou emergência sanitária global da doença após reunião virtual para avaliar o ressurgimento da epidemia da doença na África e o risco de sua disseminação internacional. É a primeira vez desde o fim da pandemia da Covid-19 que a entidade emite seu mais alto nível de alerta.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que o órgão está comprometido em "coordenar a resposta global nos próximos dias e semanas"
"Estamos trabalhando em estreita colaboração com cada um dos países afetados e alavancando nossa presença local para prevenir a transmissão, tratar os infectados e salvar vidas", disse Tedros Adhanom, diretor-geral da organização.