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Mpox: o que se sabe até agora sobre doença considerada emergência global pela OMS

Antiga 'varíola dos macacos' já teve 709 casos confirmados no Brasil apenas em 2024; entenda riscos da nova cepa identificada no Congo

Mpox: o que se sabe até agora sobre doença considerada emergência global pela OMS
Mpox foi descoberta por cientistas dinamarqueses, na década de 1950, em macacos enjaulados em um laboratório | OMS
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A Mpox, também conhecida como 'varíola dos macacos', é considerada emergência global pela Organização Mundial da Saúde desde esta quarta-feira (14). De janeiro de 2022 a junho de 2024, foram contabilizadas 209 mortes pela doença, entre 99.176 casos confirmados, em 116 países. No Brasil, foram 709 casos confirmados apenas em 2024.

+ Varíola dos macacos: entenda a doença em cinco pontos

Uma nova variante do vírus causador da doença, a Clado 1b, foi identificada pela OMS este ano. Ela foi detectada originalmente na República Democrática do Congo (RDC), mas já há casos registrados em Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda, todos na África. Nesta quinta-feira (15), foi confirmado um caso na Suécia.

A nova cepa, considerada mais agressiva, é a responsável pelo alerta da OMS.

Veja perguntas e respostas sobre a doença:

O que é Mpox?

A mpox é uma doença zoonótica viral. A transmissão para humanos pode ocorrer por meio do contato com animais silvestres infectados, com pessoas infectadas pelo vírus e com materiais contaminados. Os sintomas, em geral, incluem erupções cutâneas ou lesões de pele, linfonodos inchados (ínguas), febre, dores no corpo, dor de cabeça, calafrio e fraqueza.

Há duas formas de apresentação da varíola dos macacos: uma cepa que é mais grave e pode matar até 10% dos infectados e outra que é menos agressiva, responsável pelo surto global da doença em 2022. Naquela ocasião, mais de 99% dos pacientes sobreviveram.

Como é a transmissão da Mpox?

A transmissão da doença não mudou em relação às cepas anteriores: a Mpox é transmitida pelo contato com a pele de pessoas que estão contaminadas. No caso do Congo, a maior parte infecções foi transmitida por via sexual, forma mais comum de contágio, segundo a OMS.

Por que a nova cepa de mpox é mais perigosa?

Dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que a nova variante 1b do mpox tem uma taxa de letalidade alarmante de mais de 10% entre crianças pequenas na África Central. Em contraste, a variante 2b, responsável pela epidemia global de mpox em 2022, apresentava uma taxa de letalidade abaixo de 1%.

Ainda de acordo com a entidade, a República Democrática do Congo enfrenta, desde 2022, um surto da doença e a intensa transmissão do vírus entre humanos levou a uma mutação até então desconhecida.

Segundo Vanderson Sampaio, pesquisador científico do Instituto Todos pela Saúde, mesmo que a nova mpx tenha maior potencial de transmissão, a forma com que é transmitida não mudou: continua sendo pelo contato com a pele de pessoas que estão contaminadas.

Ainda que a doença seja transmitida, principalmente, entre homens, há evidências de que a infecção em mulheres grávidas pode causar sérios impactos ao feto, de acordo com a líder técnica sobre mpox do Programa de Emergências Globais da OMS, Rosamund Lewis.

Há risco de a nova cepa chegar ao Brasil?

Em conferência digital realizada nesta terça-feira (13), o diretor diretor do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi) do Ministério da Saúde, Draurio Barreira, afirmou que não acredita que haverá um aumento abrupto de casos no país. "Mas não devemos menosprezar a mpox", disse.

Segundo o Ministério da Saúde, o país tem estabilidade e controle da doença, mas a pasta instalou o Centro de Operações de Emergência em Saúde para coordenar ações de resposta à varíola dos macacos a nesta quinta-feira (15), após o alerta da OMS.

A ministra Nísia Trindade enfatizou que, embora não haja motivos para "alarme", é necessário manter um estado de "alerta" em relação ao vírus.

"Devemos permanecer vigilantes e seguir as recomendações disponíveis para lidar com essa emergência de importância internacional, considerando a presença do vírus no Brasil”, disse

É possível prevenir?

Evitar contato direto com pessoas com suspeita ou confirmação da doença e lavar regularmente as mãos com água e sabão são algumas das formas de prevenção identificadas. Também já há vacina contra a mpox (veja mais detalhes abaixo).

Qual é o objetivo do alerta da OMS?

A OMS decretou emergência sanitária global da doença após reunião virtual para avaliar o ressurgimento da epidemia da doença na África e o risco de sua disseminação internacional. É a primeira vez desde o fim da pandemia da Covid-19 que a entidade emite seu mais alto nível de alerta.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que o órgão está comprometido em "coordenar a resposta global nos próximos dias e semanas"

"Estamos trabalhando em estreita colaboração com cada um dos países afetados e alavancando nossa presença local para prevenir a transmissão, tratar os infectados e salvar vidas", disse Tedros Adhanom, diretor-geral da organização.

Tem vacina para Mpox?

Existem, até o momento, três vacinas contra a mpox disponíveis globalmente. No entanto, apenas duas delas são recomendadas pela OMS e possuem aprovação em alguns países. Essas vacinas são a ACAM2000, produzida pela Sanofi Pasteur, e a Jynneos (também conhecida como Imvamune ou Imvanex), desenvolvida pela Bavarian Nordic. A vacina Jynneos já foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2023.

O imuninzante foi oferecido para pessoas imunossuprimidas, além de profissionais de laboratório que trabalham diretamente com orthopoxvírus [pertencente à família do vírus da monkeypox] e pessoas que tiveram contato direto com fluidos e secreções corporais de pessoas com suspeitas da doença. Mais de 29 mil doses contra a mpox foram aplicadas no Brasil.

No entanto, o Brasil não planeja vacinação em massa, segundo a ministra da Saúde, ainda que esteja sendo negociada pela pasta a aquisição emergencial de 25 mil doses de vacina contra a doença.

“No Brasil, nós vacinamos com uma licença ainda especial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em casos muito excepcionais, para grupos muito vulneráveis, pessoas que tinham tido contato com outras pessoas doentes. Então, a vacinação nunca será uma estratégia em massa para a mpox”, ressaltou Trindade.

A ministra destacou que os especialistas continuam a avaliar a eficácia das vacinas no combate à nova cepa do mpox. Ela também mencionou a dificuldade na aquisição de imunizantes, devido à limitação na produção em massa das doses.

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