O que é a ameba "comedora de cérebros" que pode ter matado menina de 1 ano no Ceará
No Brasil, não há casos oficiais registrados de infecção por Naegleria fowleri e sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças
Wagner Lauria Jr.
A morte de uma menina de 1 ano em Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza, é investigada pela Secretaria Estadual de Saúde do Ceará.
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A suspeita é que a criança tenha sido infectada pela ameba Naegleria fowleri, conhecida como "comedora de cérebros", pela água. O caso extremamente raro resultou em meningoencefalite. (saiba mais abaixo)
A menina faleceu em setembro, mas a confirmação da causa ainda depende de laudos oficiais. O Ministério da Saúde foi acionado para apoiar a análise do caso.
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O que é a ameba Naegleria fowleri?
É a única espécie de Naegleria que pode infectar seres humanos, onde ela invade e ataca o sistema nervoso. Sua taxa de letalidade estimada é 97%, segundo o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos EUA.
No Brasil, não há registros oficiais de infecção por Naegleria fowleri, segundo o secretário executivo de Vigilância em Saúde, Antonio Silva Lima Neto (Tatan).
Apesar de, segundo o secretário, ser mais comum a contaminação em água de lagos, lagoas e rios, no caso da menina em Caucaia, a suspeita é que a contaminação tenha ocorrido em casa.
"Foi uma fatalidade, infelizmente. Essa ameba se reproduz na água quente, em temperatura de pelo menos 24ºC, e a água contaminada foi encontrada no próprio reservatório que abastecia a residência", explica Tatan.
Além disso, os sintomas apresentados pela criança, como febre alta, dor de garganta e faringite, são comuns a outras doenças, dificultando o diagnóstico precoce.
A suspeita da infecção pela ameba só surgiu após o óbito, quando o Serviço de Verificação de Óbitos identificou fragmentos biológicos compatíveis com a infecção e coletou amostras para análise.
Outros locais onde a ameba já foi detectada
Um estudo, com participação de pesquisadores brasileiros, publicado na revista FEMS Immunology & Medical Microbiology mostra que, além da água de lagos, lagoas e rios, cistos da ameba já foram encontrados em locais como poeira hospitalar, filtros de aparelhos de ar condicionado e garrafas de água mineral.
Como prevenir?
A Secretaria reforça a importância de medidas preventivas, como a manutenção adequada de reservatórios de água e cuidados redobrados em locais de banho expostos ao calor.
Após a confirmação preliminar da presença da ameba, a Sesa, em parceria com a Prefeitura de Caucaia, adotou medidas para evitar novos casos. Entre as ações, foram aprimorados os processos de cloração e filtragem da água que abastece a região.
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