Publicidade
Saúde

Não é só tremor de mão: quais são os sinais precoces de Parkinson?

Casos como de Morten Harket, da banda a-ha, e da maquiadora Molly Stern chamam atenção para sintomas que podem ser percebidos anos antes

Imagem da noticia Não é só tremor de mão: quais são os sinais precoces de Parkinson?
À direita, o músico e cantor Morten Harket; à esquerda, a maquiadora Molly Stern | Freepik
Publicidade

Em primeiro lugar, é importante frisar que o termo correto é "doença de Parkinson". A expressão "mal de Parkinson" vem de uma tradução incorreta e deve ser evitada, pois carrega um estigma adicional.

+ Posso ter Parkinson antes dos 60 anos? Veja sinais e os avanços no tratamento

Embora tenha sido descrita pelo médico inglês James Parkinson como "paralisia agitante", a denominação atual foi consolidada pelo médico francês Jean-Martin Charcot. Ao traduzir o termo francês "maladie" de Parkinson, o português adotou "mal", quando o correto seria simplesmente "doença".

Recentemente, Morten Harket, vocalista da banda a-ha, revelou que está com Parkinson e disse que os primeiros sinais foram tremores nas mãos. Também foi o caso da maquiadora Molly Stern, que trabalhou em filmes como "Barbie".

Mas vale lembrar que nem todo paciente com Parkinson apresenta tremor, e que o tremor essencial é a principal causa de tremor na população em geral.

Como surgem os primeiros sintomas

A doença de Parkinson é complexa, com ampla variação de sintomas entre os pacientes. Os sinais motores mais conhecidos incluem bradicinesia (lentidão dos movimentos), rigidez muscular e tremor de repouso – sendo a bradicinesia o principal deles. Ela pode se manifestar de várias formas, como diminuição do tamanho da caligrafia, do volume da voz, do balanço dos braços ao caminhar e até da expressão facial.

+ Homens estão raspando cílios em trend do TikTok; saiba por que isso não é recomendado

No entanto, além dos sintomas motores, há também não motores, como a hiposmia (redução do olfato) e o distúrbio comportamental do sono REM – que podem surgir anos antes dos sintomas motores.

Avanços no tratamento de Parkinson

Embora ainda não exista cura, o tratamento multidisciplinar permite o controle dos sintomas e melhora significativa na qualidade de vida. A abordagem deve envolver medicamentos, atividade física regular e reabilitação com profissionais como fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais.

A levodopa continua sendo o padrão ouro no tratamento medicamentoso, com alta eficácia e bom perfil de efeitos colaterais. Outras medicações complementam o controle dos sintomas, e há avanços em dispositivos, como a bomba de foslevodopa-foscarbidopa, que libera o medicamento de forma contínua no subcutâneo – tecnologia em fase de aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

+ Terapia celular traz "cura funcional" para diabetes tipo 1; entenda

Em casos específicos, o paciente pode ser candidato à cirurgia de estimulação cerebral profunda (DBS), iniciada em 1987 e aprovada em 2002 pelo FDA, órgão dos Estados Unidos que controla alimentos, remédios e equipamentos médicos. Nessa técnica, eletrodos são implantados no cérebro e conectados a uma bateria no tórax.

A DBS reduz os sintomas motores durante os períodos em que os medicamentos não estão funcionando plenamente ("tempo em off") e permite ajuste fino das doses. Ainda que eficaz, a cirurgia não cura a doença.

Outra técnica disponível no Brasil é a neuroablação por ultrassom focalizado de alta intensidade (HiFU), que permite tratar o tremor sem abrir o crânio. Porém, só atua em um lado do cérebro e melhora apenas o tremor, sem efeito sobre outros sintomas.

+ Câncer de ovário: combinação de remédios mostra eficácia contra a doença, aponta estudo

Desafios emocionais e sociais após o diagnóstico

Receber o diagnóstico da doença de Parkinson é sempre impactante, independentemente da idade ou ocupação. Muitos pacientes enfrentam um processo de luto, e o apoio psicológico é fundamental para ajudá-los a aceitar a nova condição e manter o cuidado adequado. Negar a doença pode comprometer o tratamento.

Desde os primeiros sintomas, o acompanhamento com fisioterapeutas e fonoaudiólogos especializados é essencial para preservar a independência do paciente. Redes de apoio social – entre familiares, amigos ou outros pacientes – também têm papel importante ao longo da jornada, oferecendo suporte emocional, prático e informativo.

*Carina França é neurologista especialista em Distúrbios do Movimento credenciada pelo CRM-SP 153569 | RQE 96294

Publicidade

Últimas Notícias

Publicidade