Morten Harket, vocalista do a-ha, revela que está com Parkinson: "Luta contra o próprio corpo”
Em entrevista ao site oficial da banda, cantor falou sobre o impacto emocional e do dia a dia convivendo com a condição; entenda doença

Wagner Lauria Jr.
Morten Harket, vocalista da banda norueguesa a-ha, um dos ícones do pop internacional nos anos 1980, anunciou que foi diagnosticado com doença de Parkinson, nesta quarta-feira (4).
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O diagnóstico foi divulgado por um comunicado oficial no site da banda. Aos 65 anos, Harket revelou que vem lidando com os sintomas da condição há anos, enfrentando, segundo ele, uma "luta contra o próprio corpo".
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Conhecido por interpretar hits como "Take On Me", "Hunting High and Low" e "Crying in the Rain", o cantor também falou sobre o impacto emocional, existencial e do dia a dia convivendo com a condição:
"É um difícil equilíbrio entre tomar a medicação e controlar seus efeitos colaterais", disse ele. "Reconhecer o diagnóstico não foi um problema para mim; é a minha necessidade de paz e tranquilidade para trabalhar que tem me impedido. Estou fazendo o melhor que posso para evitar que todo o meu organismo entre em declínio", ressalta.
O que é Parkinson?
A doença de Parkinson é uma condição neurológica progressiva que compromete os movimentos e afeta, principalmente, pessoas acima dos 60 anos, no entanto a doença vem atingido cada vez mais pessoas com 30 ou 40 anos, alerta o neurologista Flavio Sekeff Salem.
Segundo ele, uma das principais razões para isso acontecer é o que se chama de Exposoma, ou seja, a exposição a fatores ambientais ao longo da vida: químicos, físicos, biológicos e sociais.
"É o que você come, o que você cheira. Ou seja, provavelmente, a alimentação – com fast food e alimentos ultraprocessados – e o ambiente – poluição, exposição a herbicidas, agrotóxicos – podem ser fatores de risco para a doença", explica.
Principais sintomas incluem tremores, rigidez muscular, lentidão de movimentos e dificuldades de equilíbrio e coordenação.
Apesar de não ter cura, há tratamentos que ajudam a controlar os sintomas, como medicamentos, fisioterapia e procedimentos como a estimulação cerebral profunda, método citado por Harket em seu depoimento, que consiste na implantação de eletrodos em áreas específicas do cérebro visando sua estimulação.
Como diferenciar Parkinson de outras doenças degenerativas?
A diferença na hora de fazer o diagnóstico de Parkinson e outras doenças relacionadas é a ressonância magnética, além de exame clínico e história do paciente.
"O tremor começa de forma assimétrica, primeiro de um lado para depois passar para o outro, isso ajuda a diferenciar o diagnóstico para outras doenças degenerativas", explica o neurologista André Ferreira.
Muitos se perguntam se o Alzheimer, a doença degenerativa mais comum do mundo, é igual ou possui semelhanças com o Parkinson, mas Salem ressalta que elas são completamente diferentes: principalmente porque a primeira é uma forma demência, traz alterações cognitivas, como perda de memória, por exemplo.
No entanto, segundo ele, não é incomum que um paciente possa ter quadro de demência 10 ou 15 depois do diagnóstico de Parkinson.