Doença de Parkinson pode começar pelo intestino, alerta estudo
Levantamento associou danos na mucosa gastrointestinal superior ao maior risco de desenvolver a doença; veja outros fatores de risco
Pesquisadores norte-americanos obtiveram novas evidências que reforçam a teoria de que a doença de Parkinson pode ter origem no intestino.
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O estudo, que foi publicado na JAMA (Journal of American Medical Association), analisou dados de mais de 9 mil pessoas sem histórico da doença e identificou um risco maior de desenvolvimento da condição neurodegenerativa entre indivíduos com danos na mucosa gastrointestinal superior.
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Esses danos foram atribuídos a fatores como infecções por Helicobacter pylori, uso contínuo de anti-inflamatórios, refluxo, tabagismo e constipação. Cerca de 15 anos depois, ao reavaliar os voluntários, os pesquisadores confirmaram a maior prevalência da doença entre aqueles com lesões na mucosa. Essas bactérias podem produzir substâncias que afetam o cérebro, iniciando o processo de neurodegeneração.
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Diagnósticos de Parkinson entre os mais jovens vêm aumentando
Apesar de a doença ter o início habitual em pacientes com 60 anos ou mais, o Parkinson vem atingido cada vez mais pessoas com 30 ou 40 anos, alerta o neurologista Flavio Sekeff Sallem. Segundo ele, uma das principais razões para isso acontecer é o que se chama de Exposoma, ou seja, a exposição a fatores ambientais ao longo da vida: fatores químicos, físicos, biológicos e sociais.
De acordo com o neurologista, apesar de ter um fator hereditário envolvido, há algumas evidências científicas de que o Parkinson começa pelo nariz e o intestino.
"É o que você come, o que você cheira. Ou seja, provavelmente, a alimentação - com fast food e alimentos ultraprocessado - e o ambiente - poluição, exposição a herbicidas, agrotóxicos - podem ser fatores de risco para a doença", explica
Outro fator importante é a falta de atividade física.
Como diferenciar o Parkinson de outras doenças degenerativas?
A diferença na hora de fazer o diagnóstico de Parkinson e outras doenças relacionadas é a ressonância magnética, além de exame clínico e história do paciente.
“O tremor começa de forma assimétrica, primeiro de um lado para depois passar para o outro, isso ajuda a diferenciar o diagnóstico para outras doenças degenerativas", explica Ferreira
Muitos se perguntam se o Alzheimer, a doença degenerativa mais comum do mundo, é igual ou possui semelhanças com o Parkinson, mas Sekeff ressalta que elas são completamente diferentes: principalmente porque a primeira é uma forma demência, traz alterações cognitivas, como perda de memória, por exemplo. No entanto, segundo ele, não é incomum que o paciente possa ter um quadro de demência 10 ou 15 depois que ele é diagnosticado com Parkinson, ressalta.
Avanços no tratamento
O uso de canabidiol é uma das mais novidades mais recentes do tratamento de alguns sintomas da doença: ajuda a diminuir o tremor, além dos sintomas não-motores que podem vir acompanhados da doença como pesadelos e insônia. Segundo Sekeff, a Levadopa ainda é um dos melhores medicamentos utilizados para tratar o Parkinson e surgiu a partir da década de 60, quando se descobriu que a dopamina seria o neurotransmissor mais afetado.
"Apesar de não ter cura, é uma doença que pode ser bem controlada", disse
Ele ressalta também que a fisioterapia pode ser uma importante aliada para promover a qualidade de vida do paciente. Em alguns casos, é indicado cirurgia.