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Economia

Galípolo admite que Brasil pode descumprir meta de inflação para os próximos três anos

Presidente do Banco Central afirma que não há "bala de prata" para reduzir juros e controlar preços ao mesmo tempo

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Presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo | Divulgação/Bruno Spada/Câmara dos Deputados
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O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, admitiu nesta quarta-feira (9) que o Brasil pode descumprir meta de inflação para os próximos três anos.

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Desde maio, a taxa básica de juros no Brasil, a Selic, está em 15%, o maior patamar desde 2006. O aumento encarece financiamentos, empréstimos e o crédito rotativo, o que desestimula o consumo e ajuda a conter a inflação. Para justificar esse cenário, Galípolo prestou esclarecimentos hoje na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.

A audiência foi solicitada pelos deputados Florentino Neto (PT-PI), Laura Carneiro (PSD-RJ) e Pauderney Avelino (União Brasil-AM).

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Galípolo afirmou que não existe uma "bala de prata" para reduzir juros sem comprometer a estabilidade dos preços. "Ninguém quer baixar os juros e deixar a inflação subir. O objetivo é buscar uma taxa que mantenha o efeito de controle inflacionário, mas num patamar mais próximo ao de outros países emergentes", afirmou.

Segundo ele, diferentemente do Plano Real, que promoveu uma estabilização rápida, a "normalização da transmissão da política monetária" exigirá uma série de medidas graduais. "Não haverá vitória por ippon. Será um processo de construção", disse, usando como exemplo a pontuação máxima do judô.

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A meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para o ciclo iniciado em janeiro de 2025 é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos – ou seja, entre 1,5% e 4,5%.

Inflação persistente

Galípolo reconheceu que o Brasil pode descumprir essa meta pelos próximos três anos. Entre os itens que compõem o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), 72,5% estão acima da meta de 3%, 58,8% superam o teto da meta (4,5%) e 45,1% estão acima do dobro da meta (6%).

"O Copom [Comitê de Política Monetária, órgão do BC responsável pela Selic] está incomodado com as expectativas. Me incomoda, como gestor, ter que escrever duas cartas de descumprimento da meta em apenas seis meses. A reação do BC é importante para garantir a convergência da inflação", concluiu.
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