Endividamento volta a crescer em junho e atinge 78% dos brasileiros, diz CNC
Resultado foi puxado pelas famílias que ganham entre três e cinco salários mínimos; cartão de crédito segue como principal vilão

Camila Stucaluc
O número de brasileiros com dívidas a pagar voltou a subir em junho. É o que mostra um novo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que contabilizou 78,4% de endividados no mês – patamar superior ao registrado em maio (78,2%).
Segundo os dados, a alta do endividamento foi puxada pelas famílias cuja renda é de três até cinco salários mínimos: o índice passou de 80,3% para 80,9% no intervalo de um mês. Já as famílias com renda entre cinco e 10 salários mostraram leve queda do percentual de endividados, ficando em 78,7%.
Entre as principais modalidades de dívidas, o cartão de crédito segue liderando o ranking, sendo utilizado por 83,8% do total de devedores. Em seguida, estão os carnês (17%), que voltaram a crescer, o crédito pessoal (10,5%) e os financiamentos de casa (9,4%) e de carro (9,3%), e crédito consignado (4,8%).
Apesar da alta no índice, o tempo de endividamento tem diminuído. O comprometimento com dívidas de prazo de mais de um ano caiu pelo sexto mês seguido, chegando a 32,2% — menor nível desde março do ano passado (31,7%). Atualmente, a maior concentração de dívidas está em até seis meses.
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“Os consumidores estão preocupados com os custos de prolongar dívidas. Esse comportamento revela uma postura mais consciente diante do crédito mais caro, em meio a um cenário em que a inflação permanece pressionando o orçamento doméstico. Esses fatores podem limitar a recuperação do consumo nos próximos meses”, pontuou o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.