Câncer de ovário: Combinação de remédios mostra eficácia contra a doença, aponta estudo
Estratégia feita com modelos animais conseguiu bloquear o crescimento do tumor e dificultar a resistência das células cancerígenas ao tratamento

Wagner Lauria Jr.
A combinação de dois grupos de medicamentos mostraram eficácia contra câncer de ovário. É o que apontam os pesquisadores da Weill Cornell Medicine, nos Estados Unidos, que estão propondo uma nova abordagem que pode representar um avanço no tratamento da doença.
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A estratégia conseguiu bloquear o crescimento tumoral e dificultar a resistência das células cancerígenas ao tratamento. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (7), na revista científica Cell Reports Medicine.
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No estudo, os cientistas focaram nos circuitos de sinalização que controlam o crescimento celular. Com esse foco, analisaram dezenas de amostras tumorais e identificaram duas vias bioquímicas principais envolvidas na progressão do câncer de ovário.
A primeira delas é a via MAPK, frequentemente associada ao crescimento descontrolado de células em diversos tipos de câncer. Para inibir esse caminho, os pesquisadores testaram o rigosertibe, uma molécula experimental que mostrou capacidade de conter o avanço dos tumores. No entanto, ao ser atacado, o câncer ativou uma via alternativa de sobrevivência: a PI3K/mTOR.
A partir daí, teve início a segunda etapa da pesquisa. Ao associar o rigosertibe a compostos que bloqueiam também a PI3K/mTOR, os pesquisadores conseguiram inibir simultaneamente os dois principais mecanismos de crescimento celular. A combinação mostrou-se mais eficaz do que a quimioterapia tradicional à base de platina.
A pesquisa ainda está em fase pré-clínica, ou seja, com os testes laboratoriais e pré-clínicos sendo realizados com modelos animais. No entanto, os autores do estudo acreditam que a estratégia poderá ser útil não só contra o câncer de ovário, mas também em outros tumores que não apresentam mutações específicas que possam ser alvo de terapias convencionais.
Câncer de ovário é um desafio oncológico
O câncer de ovário segue como um dos tumores mais difíceis de tratar. Isso se deve, em grande parte, ao diagnóstico tardio, já que a doença costuma apresentar sintomas vagos nas fases iniciais. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima 7.310 novos casos por ano, tornando o tumor o oitavo mais comum entre as mulheres.
O tratamento padrão envolve cirurgia e quimioterapia, mas muitos casos evoluem com recaídas, e os tumores recorrentes tendem a ser mais agressivos e resistentes.