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Saúde

Estudo descobre células que podem ajudar a prevenir ou tratar alergias alimentares; entenda

Pesquisadores identificaram células imunológicas-chave que mantêm a tolerância a alimentos e abrem caminhos para tratar a condição

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Pessoas podem ter intolerância alimentar a alimentos como amendoim, leite, queijo e frutos do mar; entenda | Freepik
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Um estudo recente feito por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington revelou uma descoberta que pode abrir caminhos para formas de tratamento e prevenção das alergias alimentares.

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A pesquisa, feita com camundongos, identificou um tipo específico de célula imunológica no intestino capaz de evitar reações alérgicas a alimentos comuns — uma estratégia que pode futuramente ajudar a prevenir ou tratar essas alergias em humanos. A pesquisa foi publicada na revista Cell.

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Como o sistema imunológico deveria funcionar

O sistema imunológico intestinal tem a difícil tarefa de distinguir entre substâncias inofensivas, como alimentos, e agentes patogênicos perigosos. Em indivíduos saudáveis, isso ocorre por meio de um processo chamado tolerância alimentar, em que o organismo reconhece os alimentos como "amigos" e não desencadeia uma resposta imunológica contra eles.

Contudo, para cerca de 6% das crianças e 3,5% dos adultos brasileiros, segundo estimativa da ONG Alergia Alimentar Brasil, esse sistema falha. O corpo interpreta erroneamente como ameaças certos alimentos — como amendoim, leite, ovos e frutos do mar —, provocando reações alérgicas que podem variar de coceira e urticária a inchaços graves e dificuldade para respirar.

Como o estudo foi feito?

Pesquisadores liderados pelo professor Marco Colonna investigaram o papel de um grupo específico de células imunológicas do intestino: as células dendríticas RORγt+. Essas células foram identificadas pela primeira vez em humanos em 2023 pelo próprio laboratório de Colonna, mas seu papel na prevenção de alergias alimentares ainda era desconhecido.

No estudo, os pesquisadores removeram essas células de camundongos e os expuseram a uma proteína altamente alergênica presente na clara do ovo (ovoalbumina). O resultado: os camundongos sem as células dendríticas RORγt+ desenvolveram inflamações e reações alérgicas, enquanto aqueles que mantiveram as células não apresentaram sintomas.

“Ao remover as células dendríticas RORγt+ do intestino de camundongos, quebramos a tolerância a alérgenos alimentares”, explica Patrick Rodrigues, um dos autores do estudo.

Isso indica que essas células desempenham um papel essencial na prevenção de respostas alérgicas indevidas.

Possibilidades para o futuro

A descoberta levanta a possibilidade de desenvolver terapias que estimulem ou preservem a atividade dessas células no intestino, oferecendo uma abordagem mais duradoura e preventiva contra alergias alimentares.

“Visar a atividade das células dendríticas RORγt+ tem o potencial de evitar que uma resposta imune sequer comece”, afirma Shitong Wu, outro coautor da pesquisa.

Atualmente, não existe de fato um tratamento a alergias alimentares, e não ser evitar os alimentos que geram a reação alérgica e usar medicamentos de emergência, como a EpiPen, uma caneta capaz de bloquear um dos efeitos mais graves da alergia, o fechamento da glote, impedindo a respiração. Recentemente, a FDA (agência reguladora dos EUA) aprovou um medicamento injetável que ajuda a reduzir reações em caso de exposição acidental, mas ele atua apenas após a resposta imune já ter sido iniciada.

Por isso, a ideia de atuar antes que o sistema imunológico reaja é inovadora. Se os achados em camundongos se confirmarem em humanos, terapias com base nas células dendríticas RORγt+ podem se tornar uma ferramenta poderosa para prevenir alergias alimentares de forma eficaz e duradoura.

*Com informações do Futurity

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