Dietas restritivas: quando a prática é arriscada? Entenda
Dentre os sintomas que podem aparecer estão tonturas, mau humor, fraqueza, queda de cabelo; veja dicas para mudar a alimentação
Wagner Lauria Jr.
Dietas restritivas, como as que se limitam ao consumo de ovos, por exemplo, apesar de trazerem benefícios ao corpo no curto prazo, podem vir acompanhadas de alguns riscos.
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De acordo com a Gerente de Nutrição do HCor, Rosana Perim, a promessa de eliminar peso rapidamente não acompanha necessariamente a redução de gordura corporal.
“Como ocorrem alterações na alimentação, a perda de água e da massa muscular são consequências desta dieta. A dieta restritiva é desaconselhável, uma vez que a alimentação balanceada não estará em vigor”, disse.
Dentre os sintomas a médio e longo prazo estão tonturas, mau humor, fraqueza, queda de cabelo, ressecamento da pele, cansaço, indisposição, dificuldade de concentração, hipoglicemia (redução nos níveis de açúcar no sangue) e até desmaios.
Para a nutricionista do Hospital Sírio Libanês Caroline Martins Machado essas manifestações são resultado do estresse que o corpo sofre devido à falta de nutrientes essenciais para o seu funcionamento adequado, da má qualidade do sono e do comprometimento do funcionamento intestinal.
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Segundo ela, esse quadro também pode ser observado em pessoas que, embora não sigam uma dieta restritiva, mantêm uma alimentação desequilibrada, com alto consumo de carboidratos, doces e produtos industrializados, e baixo consumo de frutas, legumes e verduras.
Para mudanças alimentares, há a necessidade de acompanhamento nutricional e médico.
Por que você está comendo o que come?
O psiquiatra especializado em compulsão alimentar Arthur Kaufmann ressalta que, mais importante do que evitar as "comfort foods" como pizzas, massas, sorvetes, por exemplo, é entender e reconhecer por que você está comendo o que come.
"O maior sinal de atenção é quando essa compulsão alimentar se torna uma droga, ou seja, quando você usa a comida para se confortar ou aliviar algum problema. Vamos supor que a pessoa está passando por um momento difícil, tomou um fora ou está perdendo o dinheiro, e vai descontar na comida, por exemplo. Isso é um sinal de atenção", explica o especialista.
Kaufmann ressalta que a "tentação" de comer "besteiras" costuma ser mais forte no início do anoitecer, quando o nível de serotonina, em geral, está mais baixo. Esse período também é associado ao fim de expediente para muitas pessoas, o que pode ser uma forma de construir um hábito de alimentação gordurosa para "descontar" as frustrações do dia.
"O fato de ser todo dia ou toda semana não quer dizer nada, o que mais importa é a quantidade e depende do estado de espírito da pessoa. Por isso quando você diz é para cortar tudo, é difícil. Tudo é uma questão de equilíbrio", completa.
Em alguns casos, segundo ele, quando o hábito está trazendo prejuízos para a vida da pessoa (psicológica, física e social), é necessário avaliar se a pessoa desenvolveu Transtorno de Compulsão Alimentar. A condição é diferente do "comer emocional" e precisa de tratamento, que pode envolver remédios.
O transtorno é caracterizado pela ingestão descontrolada de grande quantidade de alimentos, ainda que o indivíduo esteja sem apetite e quase sem mastigar, na tentativa de liberta-se "de um estado insuportável de ansiedade", segundo a definição da Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde.
O que mais pode ajudar?
Segundo a nutricionista Bianca Gonçales, incluir na alimentação proteínas magras como peixe, frango sem pele, legumes e tofu pode ajudar a evitar a tentação de comer besteiras por questões emocionais, já que proporcionam sensação de saciedade por mais tempo.
Mirtilos, framboesas e chocolate amargo também podem colaborar com a produção de endorfina.
Além disso, praticar exercícios físicos é essencial, pois ajuda o corpo a produzir quase todos esses neurotransmissores associados ao bem-estar mental – endorfina, dopamina, serotonina. Com isso, ajuda a controlar o apetite e reduzir o risco de comer em excesso.