Uso do celular no trabalho: empresas impõem limites e funcionários recorrem à Justiça
Restaurantes, escritórios e comércios adotam regras para controlar o uso dos aparelhos durante o expediente; tribunais reconhecem justa causa em casos extremos
SBT Brasil
Os smartphones se tornaram parte essencial do dia a dia, todo mundo já sabe. Mas qual é o limite para o uso do celular no ambiente de trabalho? No bistrô de Delian Correa, na zona leste de São Paulo, a chef de cozinha decidiu restringir o uso dos aparelhos durante o expediente. A medida veio após reclamações de clientes sobre o atendimento.
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"Cliente chama o tempo todo. A gente não tem como limpar as mãos toda hora. Como usar o celular particular e cuidar da alimentação das pessoas ao mesmo tempo? Não dá. Então decidimos restringir o uso", explica Delian.
A regra, no entanto, prevê exceções — como o uso do aparelho durante o horário de almoço ou em casos de urgência. “A gente decidiu que usa só o celular da loja. Os particulares, só em necessidade. E no horário de almoço elas podem usar”, completa.
O uso excessivo do celular já tem até nome: nomofobia — o medo irracional de ficar sem o aparelho, reconhecido como transtorno pela Organização Mundial da Saúde. Casos extremos não são raros. Um empresário do interior de Minas Gerais conta que uma funcionária pediu demissão no primeiro dia de trabalho por não conseguir se afastar do celular.
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"Ela começou às 7h e às 8h já pediu desligamento. Disse que não conseguia ficar sem o celular. Fiquei assustado", relata Márcio Bento, dono de um escritório de contabilidade.
Embora não exista legislação específica sobre o tema, a Justiça do Trabalho tem reconhecido a demissão por justa causa quando o uso do celular compromete o desempenho do funcionário.
"Quando o empregado aceita trabalhar naquela empresa, precisa respeitar as diretrizes", afirma Leone Pereira, advogado especialista em Direito do Trabalho.
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Por outro lado, há casos em que o celular pessoal se transforma em ferramenta de trabalho, acionando o funcionário até fora do expediente. Nesses casos, especialistas recomendam a separação entre aparelho pessoal e corporativo. "Se houver mistura, é possível recorrer à Justiça para preservar a vida privada”, afirma Leone Pereira, especialista em direito do trabalho.