Abin aponta risco de interferência externa e envolvimento do crime organizado nas eleições de 2026
Relatório diz que há possibilidade de campanhas de desinformação sofisticadas e influência de milícias e facções que controlam territórios

Murillo Otavio
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) diz que há risco de interferência externa e envolvimento do crime organizado nas eleições de 2026. As observações do órgão constam no relatório anual “Desafios de Inteligência – Edição 2026” divulgado nesta quarta-feira (3).
Elaborado por analistas da Abin, em colaboração com especialistas de universidades, instituições de pesquisa e agências governamentais, o objetivo do documento é fornecer às autoridades e à sociedade uma visão sobre os principais riscos à segurança do país, sobretudo no período eleitoral.
O relatório enfatiza que a possibilidade de interferência externa no processo brasileiro é um fator de risco que não pode ser subestimado.
Essas interferências podem acontecer desde campanhas de desinformação sofisticadas, muitas utilizando manipulação por redes sociais, até ataques cibernéticos diretos à infraestrutura eleitoral.
Outras táticas incluem o financiamento oculto de grupos políticos e movimentos antidemocráticos, bem como o aprofundamento da polarização social.
Paralelamente, a agência manifesta grande preocupação com a atuação do crime organizado, especialmente de milícias e facções que controlam territórios.
Segundo o relatório, essa influência se manifesta de algumas formas, como o financiamento de campanhas e na coação de eleitores, quanto na indicação de candidatos próprios, podendo chegar, em casos extremos, à eliminação de adversários políticos.
Por fim, o documento contextualiza que o Brasil já enfrenta desafios à estabilidade institucional e à democracia. O relatório lembra que, desde 2018, a propagação recorrente de desinformação sobre as eleições já têm influência eleitoral.
Além disso, o uso de inteligência artificial para desinformação e a crescente radicalização religiosa são citados como fatores que ameaçam deslegitimar as instituições.
Como exemplo, o documento aponta que tal processo resultou em mobilizações que questionavam o processo eleitoral e atos golpistas em 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas.









