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Dragagem de rios gaúchos divide opiniões como solução contra enchentes

Após duas grandes cheias em pouco mais de um ano, municípios cobram ações para evitar novas tragédias no Rio Grande do Sul

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Em pouco mais de um ano, o Rio Grande do Sul enfrentou duas grandes enchentes. Diante do impacto das tragédias, municípios localizados às margens de rios buscam alternativas para reduzir os riscos. Uma das medidas debatidas é a dragagem dos leitos — prática que divide opiniões entre especialistas e moradores.

Em Eldorado do Sul, onde 90% do território foi alagado na última enchente, o pedido por dragagem do rio Jacuí virou cobrança constante. Moradores e comerciantes acreditam que areia e detritos acumulados têm dificultado o escoamento da água.

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"É a solução para cá. Se não, Eldorado vai virar uma cidade fantasma", afirma o aposentado Luís Carlos Amaral. Já Sandra dos Santos, dona de casa, reforça: "As enchentes estão incomodando muito. Estamos nos mobilizando para chamar a atenção das autoridades."

A dragagem consiste na retirada de sedimentos do fundo de rios e canais, com o objetivo de desobstruir o fluxo da água e aumentar a vazão. Especialistas avaliam que a técnica pode ser eficaz, especialmente em córregos e canais navegáveis. Contudo, em locais mais amplos, como o Guaíba, em Porto Alegre, o custo elevado e a complexidade da operação podem limitar os benefícios.

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O hidrólogo Fernando Fan, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), destaca a importância de avaliar caso a caso antes de qualquer intervenção de grande porte.

A discussão ganhou fôlego após as recentes enchentes. Moradores, empresários e parlamentares passaram a cobrar uma política estadual de desassoreamento. Em resposta, o governo gaúcho afirma estar agindo em duas frentes: limpeza de pequenos cursos d’água e um estudo detalhado do fundo dos principais rios.

De acordo com o governador Eduardo Leite (PSD), um mapeamento técnico deve ser concluído em até seis meses. "Os estudos mostram que, no Guaíba, não houve alteração significativa no volume da água que justifique uma dragagem para evitar enchentes. A movimentação dos sedimentos foi compensada pela força da própria água", afirma.

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Além da prevenção a enchentes, a dragagem é considerada estratégica para retomar o transporte de cargas pelos rios. "Todos os canais de navegação comercial fazem parte do projeto de R$ 731 milhões aprovado pelo FUNRIGS", informou Cristiano Pinto Kingler, presidente da Autoridade Portuária do RS.

Enquanto aguardam ações concretas, empresários de Eldorado do Sul seguem preocupados. "Cada previsão de chuva deixa todos nós desesperados", relata Nilton Melo.

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