Golpistas usam dados de processos judiciais para aplicar golpes com falsas cobranças via Pix
Em Pernambuco, OAB já recebeu mais de 200 denúncias só em 2025
Emerson Pereira
Mais um golpe tem preocupado quem tem ações tramitando na Justiça. Criminosos estão se passando por advogados ou funcionários de escritórios de advocacia para aplicar cobranças falsas de taxas judiciais. A prática tem se espalhado em vários estados e exige atenção redobrada de clientes e profissionais do Direito.
O esquema é simples, mas eficaz. Os golpistas acessam os sites dos Tribunais de Justiça — que possuem informações públicas sobre processos em andamento — e colhem dados reais. De posse dessas informações, entram em contato com as partes envolvidas por telefone ou mensagem, se passando por advogados da causa e ganham credibilidade ao citar detalhes verdadeiros do processo.
A partir disso, solicitam pagamentos, geralmente via Pix, alegando que seriam referentes a custas processuais, honorários ou liberação de benefícios. Tudo não passa de uma fraude.
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O advogado Guilherme Monteiro relata que o nome do escritório onde atua já foi usado por estelionatários.
"Eles entram em contato com os clientes, passam todas as informações corretas do processo e, com isso, conseguem convencer as vítimas", conta.
Nos últimos meses, o Conselho Federal da OAB tem registrado aumento significativo nos casos. Em Pernambuco, por exemplo, a seccional já recebeu mais de 200 denúncias só em 2025.
"Estamos acompanhando uma escalada preocupante desses crimes, que usam dados reais e prejudicam tanto os cidadãos quanto a credibilidade dos profissionais”, alerta Ingrid Zanella, presidente da OAB-PE.
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Como se proteger?
A principal recomendação é desconfiar de cobranças por Pix, especialmente se forem feitas por números desconhecidos. Em caso de dúvida, o cliente deve sempre entrar em contato direto com seu advogado de confiança antes de realizar qualquer pagamento.
"Nenhuma informação sensível ou valor deve ser transferido sem confirmação direta com o advogado habitual. O cliente deve redobrar o cuidado", reforça Zanella.