E se a morte for uma ilusão? "Terceiro estado” de existência é descoberto por cientistas
Estudo explora como células de organismos falecidos podem continuar funcionando e até mesmo reduzir acúmulo de gordura e colesterol nas artérias
E se a morte não existir? Uma pesquisa liderada pelo professor Peter Noble, da Universidade de Washington, e Alex Pozhitkov, do City of Hope National Medical Center, revela que células humanas podem ser "reutilizadas" após a morte, transformando-se em organismos multicelulares ao receber nutrientes, oxigênio, ou sinais bioquímicos. Elas podem, inclusive, atuar contra algumas doenças.
+ Como a descoberta de um novo tipo sanguíneo pode revolucionar as transfusões de sangue
O estudo, publicado na plataforma The Conversation, explora como células de organismos falecidos podem continuar funcionando, questionando a noção de morte como interrupção "irreversível" da vida.
+ Esclerose Múltipla: diagnóstico precoce pode impedir evolução da doença; como identificar?
“A vida e a morte são tradicionalmente vistas como opostas. Mas o surgimento de novas formas de vida multicelulares a partir das células de um organismo morto introduz um ‘terceiro estado’ que está além das fronteiras tradicionais da vida e da morte.”, escreveram os autores na The Conversation.
+ Pesquisa da USP investiga idosa de 119 anos para entender envelhecimento saudável
Partindo do questionamento de como os órgãos de pessoas mortas, quando são doados, continuam funcionando em outro corpo e outros dois estudos, os cientistas chegaram na ideia do "terceiro estado".
Como funciona esse "terceiro estado" de existência?
Além de se transformarem organismos multicelulares, as células passam exibir novas funções mesmo após a morte.
Um dos estudos utilizados pela pesquisa utilizou células da pele de rãs mortas, que foram observadas se reorganizando espontaneamente em laboratório, e chamadas de "xenobots".
Foi observado que essas "xenobots" eram capazes de se transformar em organismos multicelulares, com estruturas semelhantes a cabelos, chamadas "cílios", para se moverem pelo ambiente.
Já no outro estudo utilizado, os pesquisadores descobriram que células pulmonares humanas poderiam se auto-organizar em minúsculos organismos multicelulares e serem utilizadas para formar os "anthrobots" que, derivados de tecidos vivos, também podem se mover em ambientes, além de possuírem a capacidade de reparar e consertar células nervosas danificadas.
Células podem atuar contra aterosclerose e fibrose cística
Os pesquisadores avaliaram que, possivelmente, tratamentos com anthrobots poderiam dissolver a placa arterial em pacientes com aterosclerose (caracterizada por excesso de gorduras e colesterol nas artérias) ou ajudar a eliminar o excesso de muco naqueles que têm fibrose cística.
“Esta investigação tem o potencial de transformar a medicina regenerativa, redefinir a morte legal e fornecer conhecimentos sobre os limites fisiológicos da vida”, escreveram os autores no The Conversation.