Dor nas costas no treino? Quando o esforço vira lesão séria na coluna
Microtraumas repetitivos e sobrecarga podem causar danos estruturais na coluna, mesmo em atletas amadores


Brazil Health
A prática esportiva traz inúmeros benefícios à saúde, mas também pode expor a coluna vertebral a impactos e a esforços repetitivos. Dores nas costas após o treino são comuns e, na maioria das vezes, passageiras. Porém, quando o desconforto se torna frequente, intenso ou progressivo, pode indicar lesões estruturais que vão além de uma simples contratura muscular. Cada vez mais, atletas amadores chegam aos consultórios de neurocirurgia com problemas semelhantes aos observados em profissionais do esporte.
Lesões esportivas da coluna podem ocorrer tanto por traumas agudos quanto por microtraumas repetitivos. Movimentos de impacto, rotações excessivas, sobrecarga de peso e execução inadequada de exercícios são fatores frequentes. Modalidades como corrida, cross training, futebol, tênis, ciclismo e musculação, quando praticadas sem orientação adequada, podem gerar estresse contínuo sobre discos intervertebrais, articulações e estruturas ligamentares.
Com o tempo, esse desgaste pode levar a hérnias de disco, protrusões discais, fraturas por estresse, espondilólise e inflamações crônicas. O problema é que muitos atletas continuam treinando mesmo com dor, acreditando que o sintoma faz parte da rotina esportiva. Esse comportamento aumenta o risco de agravamento da lesão.
Sintomas que merecem investigação especializada
Dor localizada na coluna que persiste por semanas é um primeiro sinal de alerta. Quando a dor passa a irradiar para braços ou pernas e surgem formigamento, dormência ou perda de força, deve-se considerar comprometimento neurológico. Em alguns casos, a dor aparece apenas durante o exercício e desaparece em repouso; em outros, torna-se constante e limita até atividades simples do dia a dia.
Outro ponto importante é a perda de desempenho esportivo. Queda de rendimento, rigidez excessiva e dificuldade para executar movimentos antes habituais indicam que algo não está funcionando corretamente. Ignorar esses sinais pode levar a afastamentos prolongados do esporte e, em casos mais graves, a sequelas permanentes.
Prevenção, tratamento e papel da neurocirurgia
A prevenção começa com orientação adequada, fortalecimento da musculatura do core, progressão gradual de carga e atenção à técnica dos movimentos. O acompanhamento de profissionais de educação física e fisioterapeutas é fundamental para reduzir o risco de lesões.
Quando a dor persiste, a avaliação médica é essencial. O tratamento inicial costuma ser conservador, com fisioterapia específica, controle da inflamação e ajustes no treino. A neurocirurgia entra em cena quando há falha do tratamento clínico ou sinais de compressão nervosa progressiva. Em situações bem indicadas, procedimentos cirúrgicos podem aliviar a dor, preservar a função neurológica e permitir o retorno seguro ao esporte.
Com técnicas modernas e menos invasivas, muitos atletas conseguem se recuperar mais rapidamente e voltar à prática esportiva com segurança, desde que respeitem o tempo de reabilitação e as orientações médicas.
A dor não deve ser normalizada no esporte. Ouvir o corpo, investigar sintomas persistentes e tratar lesões precocemente são atitudes que protegem não apenas o desempenho, mas também a saúde da coluna a longo prazo. A prática esportiva deve ser aliada do bem-estar, não uma fonte silenciosa de danos permanentes.
*Dr. Cesar Cimonari de Almeida (CRM/SP 150.620 | RQE 66.640) é neurocirurgião e membro da Brazil Health.







