Conselho de Medicina pede à Anvisa que uso de PMMA seja proibido no Brasil
Substância, que também é usada para fins industriais, marca uma mudança na posição do Conselho; entenda
Wagner Lauria Jr.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) pediu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que o PMMA – polimetilmetacrilato seja proibido em procedimentos no país.
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O documento inclui posicionamentos das Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), que já havia solicitado o banimento do produto para procedimentos estéticos e a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
A solicitação do CFM marca uma mudança no posicionamento do Conselho que, até julho do ano passado, defendia que "apenas os médicos possuem a formação e capacitação para o uso dessas substâncias" e criticava a aplicação do produto por pessoas que não possuem formação em medicina.
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Em nota, a Anvisa disse que recebeu o documento do Conselho de Medicina, que passará por análise.
O que é o PMMA e quais são os riscos?
Segundo a Anvisa, existem registros dessa substância para preenchimento subcutâneo, ou seja, para tratar correção de alterações, como irregularidades e depressões no corpo, além de corrigir alteração no organismo que leva à concentração de gordura em alguma parte da extensão corporal, há mais de 10 anos no Brasil.
Apesar de não ser contraindicada a aplicação da substância no corpo pela Anvisa, não há indicação para uso do produto em caso de "aumento de volume, seja corporal ou facial". É classificado no grupo de "máximo risco" pela Agência.
Segundo a SBCP, o PMMA é indicado para correção de sequelas de tumores, rugas, pequenas cicatrizes e enfermidades faciais congênitas, como o lábio leporino, mas não recomenda o uso da substância para fins estéticos, em razão de complicações e processos inflamatórios e infecciosos que podem causar "danos estéticos e funcionais desastrosos e irreversíveis".
O Conselho de Medicina reconhece a importância do uso do PMMA em algumas situações, como no tratamento de lipodistrofia (distribuição anormal de gordura no corpo) relacionada ao HIV/Aids, mas ressalta que existem "substâncias de preenchimento mais modernas".
"O tratamento padrão-ouro utilizado em todo mundo consiste no uso de substâncias de preenchimento mais modernas e com melhor perfil de segurança, tais como o ácido polilático, a hidroxiapatita de cálcio e a lipoenxertia autóloga", ressalta o CFM.
O PMMA também pode ser usado para para a produção de plásticos e fibras acrílicas, por exemplo, mas com concentrações diferentes do que quando é aplicado no corpo.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o ácido hialurônico é mais seguro para ser utilizado com finalidade estética, por ser uma substância "que faz parte do corpo".