Cinco anos depois da chegada da covid-19, cientistas relembram avanços na luta contra o coronavírus
Pesquisadores brasileiros destacam a rapidez na identificação do vírus e no desenvolvimento da vacina

Flavia Travassos
Natália Vieira
O cenário que marcou o início da pandemia de Covid-19 parecia saído de um filme de ficção: hospitais lotados, ruas vazias, cemitérios com covas abertas. Mas era real. Cinco anos depois, os avanços científicos conquistados naquele período continuam a impactar a área da saúde.
No Brasil, a equipe da professora Ester Sabino foi a responsável pelo primeiro sequenciamento genético do vírus no país. O feito, realizado em apenas dois dias – enquanto a média mundial era de 15 dias –, acelerou a compreensão da doença e ajudou na resposta à crise sanitária.
"Talvez por sermos um grupo de mulheres, talvez porque as pessoas não esperassem que conseguíssemos fazer tão rápido no Brasil", comentou Ester Sabino, professora titular do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP.
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O médico Davi Uip, que coordenava o Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, acompanhou de perto essa evolução. Segundo ele, a rápida criação de uma rede de diagnóstico pelo Instituto Butantan foi essencial para lidar com a doença, que, à época, não tinha medicamentos eficazes nem formas de prevenção.
A pandemia também expôs desafios na coordenação das políticas públicas no Brasil. "A falta de integração entre governo federal, estados e municípios foi um grande problema", avaliou Davi Uip.
A vacina chegou cerca de um ano depois, um marco para a ciência, de acordo com os pesquisadores. "Foi rápido, mas foi muito bem testado. Além disso, a tecnologia desenvolvida aumentou nossa capacidade de criar vacinas para novos agentes no futuro", explicou Ester Sabino.
Os especialistas concordam que novas epidemias podem surgir a qualquer momento. Com mais conhecimento e tecnologia para detectar novos vírus, a prevenção segue sendo o maior desafio. "Não dá para pensar no que fazer quando o incêndio já começou. O planejamento precisa estar pronto antes", alertou Ester Sabino. "Não podemos ser surpreendidos novamente", concluiu Davi Uip.