Caminhar no parque ou na esteira? Onde e por que você treina pode influenciar sua saúde mental
Estudo mostra que exercícios físicos realizados em contextos prazerosos tendem a gerar impactos mais positivos na saúde mental; entenda

Wagner Lauria Jr.
A prática regular de exercícios físicos é amplamente reconhecida como uma aliada da saúde mental, mas um novo estudo reforça que não é apenas o ato de se movimentar que faz diferença. A forma como a atividade é realizada, incluindo o local, a companhia e o significado atribuído a ela, pode ser decisiva para os benefícios emocionais e psicológicos que ela oferece.
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Segundo a pesquisa conduzida por cientistas da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, o foco excessivo em quantidades, como tempo de exercício ou calorias queimadas, pode deixar de lado aspectos cruciais para o bem-estar mental.
“Historicamente, a pesquisa se concentrou na ‘dose’ de exercício. Mas isso não responde à pergunta mais importante: em que contexto esse exercício acontece?”, afirma Patrick O'Connor, coautor do estudo e professor de cinesiologia.
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O que está por trás do bem-estar gerado pelo exercício?
O estudo, publicado com a colaboração de universidades como Illinois, Iowa e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), revisou três tipos de abordagens científicas: estudos populacionais, ensaios clínicos e análises de fatores contextuais — estes últimos ainda em menor número, mas com achados significativos.
A principal conclusão é que atividades físicas realizadas em contextos prazerosos, como caminhadas ao ar livre, aulas coletivas ou jogos entre amigos, tendem a gerar impactos mais positivos na saúde mental do que ações semelhantes feitas de forma mecânica ou sem prazer, como atividades domésticas ou obrigações profissionais envolvendo esforço físico.
“Imagine um jogador de futebol que corre em campo e marca o gol da vitória — ele se sente ótimo. Mas, se outra pessoa corre o mesmo tanto, erra a jogada e ainda é criticada, o efeito psicológico é o oposto”, exemplifica O’Connor.
Como isso pode ajudar a manter a constância nos treinos?
A descoberta reforça uma ideia fundamental para quem busca tornar os exercícios uma rotina: encontrar um formato que se encaixe no estilo de vida e traga satisfação pessoal. Isso pode incluir escolher um horário do dia que traga mais disposição, praticar ao ar livre, fazer atividades em grupo ou optar por modalidades que ofereçam mais significado e diversão, como dança, esportes coletivos ou yoga, por exemplo.
Para especialistas, esse fator pode ser determinante na aderência ao hábito de se exercitar. Ao transformar o exercício em uma experiência positiva e não apenas uma obrigação, aumenta-se a chance de mantê-lo a longo prazo — e, por consequência, colher seus benefícios mentais de forma consistente.
A revisão também mostrou que os benefícios psicológicos dos exercícios são mais perceptíveis em pessoas com quadros de depressão ou ansiedade diagnosticados.
*Com informações do Futurity