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Saúde

Bolo envenenado: qual a diferença de uma intoxicação alimentar e um envenenamento

Laudo da perícia confirmou que sogro da mulher que envenenou o bolo também foi intoxicado com arsênio; diagnóstico anterior era de intoxicação alimentar

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Bolo envenenado consumido pela família e sogros de Deise que foram envenenados | Foto: Reprodução
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O Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP-RS) confirmou nesta sexta-feira (10) que o sogro da mulher presa suspeita de envenenar um bolo que matou três pessoas em Torres, no Rio Grande do Sul, também ingeriu arsênio antes de morrer. Até então, acreditava-se que Paulo Luiz havia morrido em decorrência de uma intoxicação alimentar grave.

+ Saiba quem é a mulher presa por envenenar bolo em Torres, no Rio Grande do Sul

Após a prisão de Deise Moura dos Anjos pelo suposto envenenamento do bolo, foram levantadas suspeitas de que ela poderia ter feito mesmo com o sogro. Isso foi foi confirmado após a exumação do corpo dele, nesta quarta-feira (8). O envenenamento ocorreu pelo consumo de leite em pó dado pela nora.

Mas, afinal, quais as diferenças entre uma intoxicação alimentar e um envenenamento?

A intoxicação alimentar, também conhecida como gastroenterite aguda, ocorre quando se consomem alimentos contaminados por bactérias, vírus ou parasitas, que produzem toxinas. Já o envenenamento ocorre quando uma pessoa inala, ingere ou entra em contato direto com alguma substância tóxica.

Sintomas parecidos

No caso de intoxicação alimentar, os sintomas podem incluir diarreia, enjoo, vômitos, dor de cabeça, sede e boca seca. Já no envenenamento, embora semelhantes, os sintomas podem envolver dificuldades respiratórias e confusão mental, além de outros efeitos mais graves, dependendo da substância tóxica envolvida.

Em entrevista para o SBT News, Sabrina Nascimento, farmacêutica bioquímica do Centro de Informações Toxicológicas do Rio Grande do Sul (CIT), explica que o que diferencia a intoxicação alimentar de um envenenamento é que a substância tóxica utilizada traz sintomas específicos e mais rápidos.

“No caso do arsênio, especificamente, causa uma diarreia aguda, nos primeiros 15 a 30 minutos após a exposição, além de dor abdominal intensa", afirma Sabrina Nascimento.

De acordo com a farmacêutica bioquímica, o arsênio tem sintomas também observados em alguns agrotóxicos e no chumbinho, conhecido como veneno para rato. Além disso, a história clínica do paciente também auxilia no diagnóstico.

Diagnóstico confirmado por exames

No caso de envenenamento, o diagnóstico só pode ser confirmado após exames laboratoriais que identifiquem a substância tóxica. No episódio da intoxicação pelo bolo, a confirmação foi feita pelo Centro de Informações Toxicológicas do Rio Grande do Sul (CIT), que analisou as amostras de três pacientes ainda vivos.

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Durante a internação da sogra, Zeli dos Anjos, Deise teria levado alimentos ao hospital, mas a comida não foi consumida. Um recipiente de suco foi entregue à polícia para análise.

Segundo Sabrina, alguns elementos tóxicos são eliminados pelo corpo e podem, muitas vezes, não ser detectados, o que dificulta o diagnóstico.

“O arsênio tem a capacidade de se depositar em alguns tecidos do organismo, como nas unhas e no cabelo. Em alguns casos, ainda conseguimos detectar esses agentes químicos mesmo após certo período de tempo. Já outros, o organismo elimina rapidamente”, explica a farmacêutica.

Relembre o caso

Em 23 de dezembro, seis membros de uma mesma família passaram mal após consumirem um bolo durante o café da tarde em Torres, no litoral do Rio Grande do Sul. Três das vítimas, duas irmãs de Zeli e uma sobrinha, morreram de parada cardiorrespiratória.

As vítimas foram Neuza Denise Silva dos Santos, de 65 anos, Tatiana Berenice Silva dos Anjos, de 43 anos, e Maida Berenice Flores da Silva, de 58 anos. O marido de Maida e um menino de 10 anos, neto de Neuza, também foram envenenados, mas tiveram alta. Zeli dos Anjos teve alta nesta sexta-feira (10).

O sogro de Deise, Paulo Luiz, também foi envenenado com arsênio – foram encontradas altas concentrações da substância no fígado e no estômago.

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