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Mortes de fisiculturistas acendem alerta: quais são os riscos do uso de anabolizantes?

Em um mês, Illia 'Golem' Yefimchyk, de Belarus, e dois bodybuilders brasileiros tiveram parada cardiorrespiratória; especialistas comentam

Mortes de fisiculturistas acendem alerta: quais são os riscos do uso de anabolizantes?
Illia 'Golem' Yefimchyk era um fisiculturista de Belarus | Reprodução/Redes sociais
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A morte do fisiculturista de Belarus Illia 'Golem' Yefimchyk, que teve uma parada cardiorrespiratória na sexta-feira (6) e morte cerebral confirmada dois dias depois, se soma a outros dois casos envolvendo bodybuilders, esses brasileiros, que faleceram pelo mesmo motivo no último mês:

Antônio Souza, de 26 anos, teve uma parada cardíaca em 3 de agosto, durante uma competição em Navegantes, litoral de Santa Catarina. Em 1º de setembro, em Blumenau (SC), o fisiculturista Matheus Pavlak, de 19 anos, teve uma parada cardiorrespiratória em casa.

Illia levantava 272 quilos no supino. Com 1,85 m de altura e 160 kg, ele comia um total de 16.500 calorias em sete refeições diárias.

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Illia Yefimchyk tinha 36 anos | Reprodução/Redes sociais
Illia Yefimchyk tinha 36 anos | Reprodução/Redes sociais

O SBT News conversou com especialistas para entender o que pode ter acontecido com os três atletas. Esteroides anabolizantes estão entre os principais riscos relacionados ao esporte.

"Essas substâncias aumentam muito o desempenho físico, o desempenho humano, para que esse indivíduo consiga o melhor resultado", afirma o preparador físico João Angelo. Mas, de acordo com o especialista, não dá para cravar que as mortes tenham sido causadas pelos anabolizantes.

"É sempre um contexto. Aí entra a situação de cada pessoa, de uso indiscriminado, para que ela faz isso, por que ela faz isso", diz ele. "O risco existe com certeza, o quanto de risco ainda é uma coisa que depende da especificidade de cada substância e de cada indivíduo", completa.
Matheus Pavlak tinha 19 anos | Reprodução/Instagram @matheus.pavlak
Matheus Pavlak tinha 19 anos | Reprodução/Instagram @matheus.pavlak

Para o cardiologista Cássio Rodrigues Borges, do Hospital Sírio-Libanês de Brasília, não dá para afirmar que todas as mortes envolvendo fisiculturistas são causadas pelos anabolizantes, mas eles podem contribuir, já que aumentam o risco cardiovascular. Somados aos problemas causados pelas "bombas", ainda estão os treinos intensos – com altas cargas e por muito tempo –, dietas restritas e até o uso de diuréticos, que desidratam e ajudam o atleta a ficar mais definido às vésperas da competição.

"Como o coração é um músculo, ele sofre ação de hormônios e hipertrofia, o que pode gerar um quadro de insuficiência cardíaca com diminuição da função do coração e aumentar risco de arritmias graves", diz Borges.

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Os anabolizantes ainda geram um espessamento do sangue, por aumentarem a produção de células vermelhas. Isso também altera a pressão arterial e gera um risco maior de trombose, infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Há ainda aumento dos níveis de colesterol LDL, o colesterol "ruim", explica o cardiologista.

Além do risco cardíaco, os anabolizantes podem causar outros efeitos colaterais fisiológicos e até mesmo psicossociais. "Você pode ficar mais estressado, ter aumento de apetite, insônia, já ter uma pré-disposição genética a ter ginecomastia – que é o aumento da mama –, aumentar outros hormônios ou desregular seu eixo fisiológico, seu eixo natural hormonal, colocando uma coisa externa", afirma João Angelo.

Antônio Souza, fisiculturista do Amazonas, tinha 26 anos | Reprodução/Instagram @antonio_souza.97
Antônio Souza, fisiculturista do Amazonas, tinha 26 anos | Reprodução/Instagram @antonio_souza.97

Para o preparador físico, um fisiculturista que faz uso de esteroides deve ter acompanhamento profissional, o que diminuiria "drasticamente o risco de acontecer uma fatalidade ou ter problemas decorrentes disso". Borges concorda, mas reforça que o Conselho Federal de Medicina proíbe o "uso estético e para performance esportiva de hormônios por parte dos médicos".

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Com uma "epidemia de anabolizantes" tomando conta das academias, os especialistas alertam os jovens. Segundo o cardiologista, "não há dose segura" quando o assunto é esteroide.

"Mesmo quem não é fisiculturista e usa menor dose pode ter um risco aumentado, mesmo que não seja em curto prazo. Às vezes podem demorar a surgir as complicações, mesmo depois de parado o uso, e muitas podem ser irreversíveis: sequelas de AVC, disfunção cardíaca permanente, falência testicular – pelo excesso de uso, as gônadas do paciente atrofiam e não voltam a produzir hormônios naturalmente – e em casos extremos morte de causa cardiovascular", afirma Borges.

"Cabe uma reflexão do âmbito psicológico e até filosófico do contexto de vida da pessoa, do por que ela está fazendo aquilo e se assumir aquele risco vai de encontro com o benefício que ela quer. Normalmente, as pessoas estão mais ligadas a um resultado rápido, a uma sensação de prazer momentânea, com pouquíssimo esforço, pra atingir aquilo que ela vislumbra ser o ideal para ela", diz João Angelo.

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