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Saúde

Cirurgia bariátrica mostra bons resultados no tratamento de diabetes tipo 2

Procedimento criado para obesidade grave mostra resultados positivos até em pacientes fora dos critérios clássicos de cirurgia bariátrica

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Diabetes - Reprodução
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A cirurgia metabólica tem se consolidado como uma das estratégias mais eficazes para o controle do diabetes tipo 2 (DM2), alcançando taxas significativas de remissão e redução no uso de medicamentos.

Inicialmente desenvolvida como cirurgia bariátrica para tratamento da obesidade grave, essa abordagem hoje é reconhecida por sociedades médicas internacionais como intervenção metabólica, com benefícios que vão além da perda de peso.

Estudos demonstram que, mesmo em indivíduos com Índice de Massa Corporal (IMC) inferior aos critérios tradicionais para cirurgia, pode haver melhora expressiva do controle glicêmico.

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Como funciona a cirurgia metabólica

O diabetes tipo 2 é uma doença crônica em que o corpo tem dificuldade de usar a insulina e, com o tempo, perde a capacidade de produzi-la em quantidade suficiente.

O tratamento envolve mudanças de hábitos, remédios e, em alguns casos, uso de insulina. Porém, muitos pacientes não conseguem controlar a glicose de forma duradoura, o que aumenta o risco de complicações cardíacas, renais e neurológicas.

A cirurgia metabólica reúne técnicas que alteram o estômago e o intestino para ajudar no emagrecimento e também no controle da glicose. Essas mudanças melhoram a ação de hormônios, modificam a flora intestinal, o trânsito da bile e reduzem o acúmulo de gordura no corpo.

Entre os principais procedimentos estão o bypass gástrico, a gastrectomia vertical (sleeve) e a derivação biliopancreática. Em muitos casos, a melhora do diabetes acontece poucos dias após a cirurgia, antes mesmo da perda de peso.

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Indicação além da obesidade grave

Em 1991, a indicação era restrita a pessoas com IMC a partir de 40, ou 35 com outras doenças associadas. Mas estudos mais recentes ampliaram esse critério.

Um consenso internacional recomenda considerar o procedimento para quem tem IMC a partir de 30 e diabetes tipo 2 sem controle. Em populações asiáticas, o limite é de 27,5. Há também evidências de benefício para pacientes com IMC abaixo de 30, quando há grande descompensação glicêmica.

Pesquisas mostram que até 65% dos pacientes podem alcançar remissão em um ano, com redução média de 2,1% da hemoglobina glicada. Em alguns estudos, a suspensão do uso de insulina e outros medicamentos chegou a 70% dos casos.

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Redução do uso de medicamentos

A remissão do diabetes é definida como glicemia normal sem uso de remédios por 12 meses. No estudo STAMPEDE, após cinco anos, 29% dos pacientes que fizeram bypass e 23% dos que passaram pelo sleeve atingiram remissão, contra apenas 5% dos que seguiram tratamento clínico.

Em outras pesquisas, as taxas chegaram a 95%, dependendo da técnica utilizada. Entre 30% e 80% dos pacientes deixaram de usar insulina e muitos também reduziram medicamentos para pressão alta e colesterol.

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Resultados rápidos e impacto na saúde

A melhora pode ser notada logo nos primeiros dias ou semanas: a glicose cai e a necessidade de insulina diminui, efeito ligado ao aumento do hormônio GLP-1. Também há melhora do colesterol, da pressão, da apneia do sono e até do nível de energia e disposição física.

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Considerações finais

Os benefícios da cirurgia metabólica não se explicam apenas pela perda de peso, mas também por mudanças hormonais, intestinais e metabólicas que afetam diretamente o controle do diabetes.

A decisão pelo procedimento deve ser avaliada caso a caso, levando em conta os riscos cirúrgicos e a necessidade de acompanhamento multidisciplinar a longo prazo. Hoje, a cirurgia metabólica é considerada uma alternativa eficaz quando o tratamento clínico não atinge os resultados esperados, trazendo mais qualidade de vida e reduzindo complicações associadas ao diabetes tipo 2.

Dr. Antonio Couceiro Lopes – CRM 100.656 / SP – RQE 26013

Especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo e membro da Brazil Health

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