Tempus Veritatis: Mourão defende chefes militares alvos de operação da PF
Senador e outros parlamentares bolsonaristas criticaram a operação deflagrada pela Polícia Federal para investigar organização criminosa que tentou dar golpe de Estado para favorecer Jair Bolsonaro
O ex-vice-presidente da República e atual senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) criticou, nesta quinta-feira (8), a operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) para investigar organização criminosa que tentou dar golpe de Estado no Brasil, abolir o Estado Democrático de Direito e manter Jair Bolsonaro (PL) no poder.
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"O país vive uma situação de não normalidade. Inquéritos eternos buscam 'pelo em ovo', atacando, sob a justificativa de uma pretensa tentativa de golpe de Estado, a honra e a integridade de chefes militares que dedicaram toda uma vida ao Brasil", escreveu Mourão no X (antigo Twitter).
"Enquanto isso, os ladrões de colarinho branco são anistiados e a bandidagem comum aterroriza a população que vive sob o signo da total insegurança", complementou.
Na tribuna do Senado, Mourão discursou. "O que se vislumbra nessa onda de apreensões e de prisões deflagrada hoje é a intenção de caracterizar manifestações da população como fruto de uma conspiração golpista, desqualificando toda e qualquer forma de protesto contra o estado de coisas que, até 2016, tinha se instalado no Brasil sob a tutela da corrupção e hoje lamentavelmente sob o arbítrio da nossa Suprema Corte", disse o ex-presidente.
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A Operação Tempus Veritatis teve como alvos o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu núcleo de aliados mais próximo, inclusive os ex-ministros general Walter Souza Braga Netto, da Casa Civil e da Defesa; Anderson Torres, da Justiça; e Paulo Sérgio Nogueira, da Defesa e ex-comandante do Exército Brasileiro.
O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, também compõem a lista de alvos.
Repercussão entre bolsonaristas
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), disse, no X, que "a política do Brasil hoje é feita no Supremo Tribunal Federal.
O deputado Sargento Gonçalves (PL-RN) disse que o objetivo da operação é “sufocar Bolsonaro e o movimento conservador".
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O deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS) classificou a ação como "perseguição". "Já passou da hora do Congresso Nacional dar um basta nessas perseguições escancaradas", declarou.
O deputado federal Rodrigo Valadares (União-SE) disse: "A superlatividade de Bolsonaro é o reflexo da popularidade dele e a insatisfação do povo com o governo".
A ex-ministra de Bolsonaro, senadora Damares Alves (Republicanos-DF), afirmou ter um sentimento de indignação. “Não podemos dizer que estamos surpresos. Sabemos como funciona o mecanismo. Muitos não acreditavam quando a gente falava e agora estão vendo tudo acontecer."
Defesa de Bolsonaro
Em comunicado mais recente, a defesa do ex-presidente afirma que Bolsonaro entregou o passaporte à Polícia Federal, cumprindo determinação para que não possa deixar o país. Mais cedo, também foi divulgado que a ordem estabelecida para que não tenha contato com outros investigados será cumprida.
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A informação foi divulgada pelo assessor Bolsonaro, e ex-Secretário de Comunicação no último governo, Fabio Wajngarten, que também afirmou que o ex-presidente não fez movimentos para deixar o Brasil, com a última saída recente tendo sido para ir à posse de Javier Milei, eleito na Argentina. Em relação à viagem, ele afirma que advogados foram ao Supremo para consultar e comunicar o deslocamento.
Publicações oficiais não foram divulgadas. No entorno familiar, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro adotou um tom religioso para comentar a operação e críticar a gestão Lula. "Quem nasceu para ser mitomaníaco jamais será mito", declarou, em uma postagem divulgada junto a uma notícia do petista comentando a operação. Na fala, o presidente defendeu avanço de investigações e apontou haver indícios de tentativa de golpe.