Tebet defende mudança em mandato de presidente do Banco Central
Ministra do Planejamento e Orçamento disse, porém, que a autonomia da autoridade monetária é "saudável"
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, defendeu, nesta terça-feira (2), que seja feita uma alteração no mandato do presidente do Banco Central (BC), para que um novo governo fique apenas um ano com o indicado pela gestão anterior do Executivo federal, e não dois, como ocorre atualmente.
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"Acho que é saudável a autonomia do Banco Central, mas eu questionei [quando era senadora] esses dois anos de um presidente de um BC de governos passados", pontuou a ministra, em entrevista a jornalistas no Senado.
Tebet disse acreditar que um ano é mais do que suficiente: "é o tempo de se adequar e passar o bastão". "Não é que isso significa haver interferência do Executivo ou do Legislativo no BC. Isso não é permitido, porque a autonomia do BC está aí. Ela é um preceito constitucional do qual eu inclusive comungo, e o governo sabe disso".
Atualmente, o presidente do Banco Central tem quatro anos de mandato, não coincidentes com o do presidente da República. Dessa forma, o atual chefe do Executivo, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por exemplo, ficará dois anos de seu governo com um indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Roberto Campos Neto, na presidência do BC. O período de Campos Neto à frente da autoridade monetária terminará em dezembro deste ano.
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Para Tebet, a espera de dois anos para que um novo presidente da República indique quem deseja para o BC cria "ruído" e "estresse".
Críticas
Na segunda-feira (1º), o presidente Lula relembrou que está há dois anos "com o presidente do BC do Bolsonaro" e falou que isso "não é correto".
"Eu tenho que, com muita paciência, esperar a hora de indicar o outro candidato, e ver se a gente consegue ter um presidente do Banco Central que olhe o país do jeito que ele é, e não do jeito que o sistema financeiro fala”, disse, sem citar o nome de Roberto Campos Neto.
Nesta terça-feira (2), Lula afirmou que a relação entre suas críticas ao atual presidente do Banco Central e a alta do dólar "não tem explicação" e que vai estudar com sua equipe uma forma de reverter a situação. A moeda americana fechou a segunda a R$ 5,6527, o maior valor desde 10 de janeiro de 2022.
Meta de déficit zero
Questionada sobre o que pode ser feito para conter a alta do dólar, Simone Tebet ressaltou que a política monetária possui "alguns mecanismos que podem ser acionados de acordo com a necessidade, um entendimento técnico do Banco Central".
De acordo com a ministra, ela e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estão "mostrando claramente" para o mercado que estão comprometidos com a responsabilidade fiscal. "Temos uma meta este ano que é a meta [de déficit fiscal] zero. Nós estamos focando no centro dessa meta zero, ou seja, não podemos continuar gastando mais do que arrecadamos".
Ela disse que, para perseguir esse resultado, o governo está tomando cuidado com as políticas públicas que estão sendo executadas, para não expandir os gastos.