STF começa a julgar Carla Zambelli por posse ilegal de arma
Deputada perseguiu jornalista negro na véspera do segundo turno das eleições de 2022

Vinícius Nunes
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) iniciam nesta sexta-feira (21) o julgamento, em plenário virtual, de uma ação contra a deputada Carla Zambelli (PL-SP) pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo. O julgamento começa hoje às 11h e termina às 23h59 da próxima sexta-feira (28).
O caso ocorreu em 29 de outubro de 2022, quando a bolsonarista perseguiu e apontou uma pistola 9mm contra o jornalista Luan Araújo, um homem negro. Zambelli e Araújo trocaram provocações após um ato político no Jardins, bairro nobre de São Paulo (SP), o que levou à perseguição e ameaça. A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) foi recebida pelo Supremo em agosto de 2023.
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A Ação Penal (AP) 2415 pode condenar a deputada até a 4 anos de reclusão, por crime de porte ilegal de arma, e detenção de 3 meses a 1 ano, além de multa, no caso do constrangimento.
Na denúncia, a PGR argumenta que a deputada sacou a arma “fora dos limites da autorização de defesa pessoal ainda que a pretexto de resguardar, em tese, sua honra maculada”. A defesa de Zambelli afirma que ela teve uma reação “legítima” às provocações do jornalista. Ela nega o cometimento dos crimes.
Além da ação penal no Supremo, Zambelli está encrencada também na Justiça Eleitoral. A bolsonarista teve seu diploma de deputada federal cassado, sendo considerada inelegível por oito anos a partir do pleito de 2022. O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) reconheceu o uso indevido dos meios de comunicação e a prática de abuso de poder político pela deputada. Cabe recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ela permanece no cargo até que eles sejam esgotados.